Quais comportamentos e atitudes são necessários para construir e consolidar parcerias confiáveis e duradouras com doadores?
Neste texto, escolhi as quatro práticas que mais me chamam a atenção e me mobilizam como gestor e consultor de organizações da sociedade civil.
Antes, permitam-me destacar que parceria é diferente de apoio. Uma pessoa ou empresa que pontualmente ajuda a divulgar uma campanha, que contribui para um projeto ou que participa de uma ação de mutirão de limpeza de praia ou de banho em abrigos de animais, por exemplo, pode ser uma apoiadora da causa, mas não se configura como uma parceira. Segundo o dicionário, “apoiador” é aquele que presta apoio, auxilia, ampara. Assim, se a sua OSC recebe pontualmente doação de pães da padaria do bairro para incrementar o lanche das crianças beneficiadas, mas não tem um compromisso firmado para isso, a padaria é uma apoiadora, e não uma parceira.
As parcerias pressupõem troca mútua, compromisso e responsabilidade com os acordos firmados. A palavra parceria¹ remete-se a uma reunião de indivíduos para alcançar um objetivo comum: trata-se de uma espécie de sociedade.
Duas organizações podem ser parceiras na execução de um projeto ou programa e, para isso, devem firmar um termo de parceria, que orientará ambas as partes no que se refere ao objeto e objetivo da parceria, a responsabilidade e os direitos de cada um dentro da cooperação.
Isso posto, não pretendo apresentar aqui nenhuma fórmula mágica. Quando se trata do tema parcerias, gosto de apontar alguns comportamentos e atitudes como orientação. Então, vamos lá:
1. Parceria é relacionamento
Cada parceiro tem sua expertise e habilidade que pode gerar algum benefício para a organização, que, por sua vez, também deve descobrir qual benefício promoverá ao parceiro. Para que isso ocorra da melhor maneira possível, ambos terão que investir em fortalecer o relacionamento. E relacionamento é manter contato, reunir-se periodicamente, alinhar expectativas, compartilhar dificuldades e pensar juntos em soluções. Sem receios. Aqui, vale dizer que, além de relacionamento, parceria é construção contínua de confiança.
2. Parceria é reciprocidade
Como já mencionado, a organização precisa entender quais contrapartidas pode oferecer aos parceiros na execução de um projeto, ação ou outra atividade. É preciso haver equidade nos direitos e deveres para que um não “ganhe mais” do que o outro. Reciprocidade é: eu te ajudo, você me ajuda; eu te apoio, você me apoia; eu faço, você faz; eu ganho, você ganha. Se você quer ter um doador parceiro, reflita: “o que a minha organização pode fazer para ser recíproca nessa parceria?”.
Dica de ouro: antes de definir exatamente o que a sua OSC vai oferecer como contrapartida, considere perguntar ao parceiro. Você poderá se surpreender com simples ações e soluções sugeridas por ele.
3. Parceria é compromisso
Se você se dispôs a ser parceiro de alguém, tenha em mente que deverá haver, acima de tudo, o compromisso com aquilo pelo qual você se responsabilizou. E isso é vital para construir uma parceria duradoura e confiável. Sem confiança, nenhum relacionamento dura por muito tempo. Pode ser até prejudicial para as partes!
4. Parceria é transparência
Firmou a parceria? Definiu objetivos? Alinhou as responsabilidades de cada um? É hora de acompanhar e se comunicar com boa periodicidade. Cada ação ou atividade que envolva o parceiro precisa ser comunicada com antecedência, na maioria das vezes apenas como um informativo, sem necessidade de aprovação. Se houver tempo hábil para ouvir e considerar a opinião do parceiro, faça isso. Senão, somente informar já será de bom grado. É melhor pecar pelo excesso do que pela omissão. É ótimo que o parceiro se sinta envolvido em todo o processo, então a OSC deve zelar pela transparência na fala, nos processos e nas ações.
Tenho certeza de que esses pontos não esgotam as possibilidades de como a sua organização pode construir parcerias confiáveis e duradouras com doadores. Ainda assim, acredito que, se você conseguir priorizá-los, sua OSC conseguirá iniciar uma parceria confiável e com grandes chances de durar muitos anos, seja com quem for.
Por último, sugiro que converse sobre esses pontos com as pessoas da sua organização e que, juntos, vocês possam refletir sobre eles e sobre quais outros comportamentos e atitudes os ajudariam a conquistar e consolidar parcerias, se é disso que vocês estão precisando no momento.
Lembrem-se: todas (ou quase todas) as soluções estão dentro da sua própria organização. Nosso papel aqui no
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Impacto é apenas orientá-los e inspirá-los, mas quem faz acontecer de fato são vocês!