Deixei para a última Quinta da Capt.AÇÃO do semestre, a parte 3 dessa série inédita sobre captação com empresas.
Para relembrar, na parte 1 falamos sobre
Leis de Incentivo e Editais. Já na parte 2, falamos sobre
Arredondamento, Produtos Sociais e Matchfunding (ações de marketing relacionado à causa). Agora, vamos falar sobre
Venda B2B (já explico o que isso quer dizer) e
Captação de produtos, fechando assim as
7 formas de captar recursos com empresas.
VENDA B2B
Para início de conversa, a venda B2B vem do inglês “business-to-business” e ela acontece quando 2 organizações negociam entre si. No caso, pode se tratar da venda de um serviço ou produto da sua ONG para uma empresa ou até mesmo de uma negociação entre a sua ONG e outra organização da sociedade civil.
Para ficar ainda mais compreensível, quando a ONG tem um bazar, quase sempre ela vende para o consumidor final, modelo conhecido como B2C (business-to-consumer), na venda B2B, a venda do produto ou serviço sempre será feita de uma organização para outra.
Você conhece alguma ONG que faz esse tipo de venda? Talvez a sua?
Para conhecer alguns casos e se inspirar, em outubro do ano passado, em parceria com a Fundação FEAC, a Phomenta realizou a
Rodada Social Campinas, em que compartilhou soluções de ONGs da região de Campinas que vendem para empresas. Além disso, o evento contou com a participação de
Luiz Drouet, que falou sobre
capitalismo consciente.
Alguns cuidados que a ONG deve ter em relação à venda B2B
1) Preveja a venda de serviços e produtos no estatuto da sua ONG.
Algumas ONGs até optam por criar CNPJ separado, o que é papo para outro artigo, mas se esse não é o seu caso, lembre de incluir/atualizar a venda B2B no capítulo “do patrimônio, fontes de recursos e sustentabilidade” (pode vir com outro nome) do estatuto da sua organização, para não ter problemas com a Assembleia Geral e o Conselho Fiscal.
Veja
aqui modelo de estatuto atualizado conforme o MROC -
Marco Regulatório das Organizações da Sociedade Civil.
2) Escolha a CNAE (classificação nacional de atividades econômicas) mais adequada.
Se estiver previsto no estatuto que a sua ONG pode vender produtos ou prestar serviços, o próximo passo é
escolher a melhor CNAE para constar como atividade secundária no Cartão CNPJ – já que a principal será sempre a da sua atividade-fim (educação, saúde ou assistência social).
Quando uma venda é realizada e uma Nota Fiscal é emitida - sim, ONGs podem emitir nota fiscal -, o código CNAE é utilizado para informar qual o tipo de atividade foi exercida pela ONG, no caso, estabelecendo assim quais impostos serão necessários pagar.
LEIA:
4 dúvidas mais frequentes no momento de vender um produto ou serviço na sua ONG.
E MAIS!!!
Descubra quais são as imunidades e isenções de tributos que sua ONG pode usufruir.
3) Venda B2B quase sempre vai exigir uma operação à parte da operação da própria ONG. Dessa forma, esteja ciente de que essa estratégia vai demandar equipe própria e fazer uma boa gestão do tempo.
4) Não perca de vista a missão da ONG. Lembre-se que a venda de produtos e serviços é somente um meio para que a organização cumpra sua missão e atinja sua causa. Caso a ONG abandone seus serviços de interesse coletivo ou social para se tornar somente uma prestadora de serviços para empresas, é o caso de a Assembleia Geral pensar se faz sentido continuar sendo uma organização da sociedade civil.
5) Qualidade sempre será fator determinante. As ONGs que optarem por venda B2B precisam estar cientes de que, a depender do ramo de atividade, vai existir muita concorrência, demandando conhecimento profundo do serviço ou produto comercializado, qualidade e bom atendimento. Por vezes, empresas pagam mais do que pessoas físicas, mas são mais exigentes.
6) A documentação precisa estar sempre em dias! Quando sua ONG vira uma prestadora de serviços de empresas, sobretudo das grandes empresas, ela vira uma fornecedora, exigindo documentação de praxe, algumas diferentes daquelas exigidas por editais e parcerias com o poder público, e preenchimento de alguns formulários due diligence.
LEIA TAMBÉM:
5 dicas para sua ONG começar a gerar receita com a venda de produtos.
CAPTAÇÃO DE PRODUTOS
Como sabemos, algumas empresas preferem apoiar ONGs doando produtos em vez de dinheiro. Há muitas razões para isso acontecer, desde a política interna, os valores e a cultura de uma empresa, até a maturidade e consciência de um povo em relação à importância da doação em dinheiro.
Mas como tem sido em toda esta série sobre captação de recursos com empresas, vou direto ao ponto:
como podemos aproveitar da melhor forma possível a captação de produtos com empresas?
Antes de tentar responder a essa pergunta, vou trazer um recorte da pandemia de Covid 19 para entendermos a força das doações de produtos: no gráfico abaixo, é possível identificar que 32% das doações registradas pelo
Monitor das Doações COVID 19, doados como resposta à COVID-19, são de produtos (cestas básicas, álcool em gel, máscaras etc.).
É certo que numa situação de emergência como a que vivemos, a doação de produtos fez muita diferença, foi VITAL, mas quem esteve na ponta, na verdade quem está, sabe que falta dinheiro “livre” para para custear despesas que produtos não podem pagar, pelo menos não diretamente. E é aqui que eu começo a responder a pergunta que fiz acima.
O primeiro ponto que precisamos superar, que é o entrave para a imensa maioria das ONGs, é como chegar até as empresas que doam produtos. Tem empresas doando computadores, materiais esportivos, produtos de beleza, roupas, calçados, comida… pesquisando no Google, você vai encontrar uma grande variedade de produtos que estão sendo doados por empresas.
Para ultrapassar essa barreira, aqui vão três dicas básicas:
1) Mapeie as empresas da sua região, identifique quais produtos fazem sentido para a sua ONG e vá à luta (bata de porta em porta).
2) Pesquise no Google notícias de empresas que estão doando produtos e entre em contato, apresente a história e demanda da sua organização.
3) Use o LinkedIn para criar e ampliar suas conexões.
Uma vez que você tenha conseguido captar produtos com empresas, você tem algumas possibilidades de usufruir desse recurso:
1) Usar como benefício para os funcionários e voluntários da ONG.
2) Destinar/doar para os beneficiários da ONG.
3) Usar como recompensa em campanhas de vaquinha coletiva.
4) Gerar renda com a venda dos produtos.
Nesse último caso, você pode vender por meio de uma plataforma on-line e/ou bazar da organização. Mas atente-se: para todas essas opções, é importante que você verifique com a empresa que fez a doação se é permitido. Em alguns casos, há um contrato entre a empresa e a ONG, indicando o que pode ser feito ou não com os produtos.
BÔNUS: VOLUNTARIADO CORPORATIVO
Nos últimos anos, muitas empresas também têm optado por doar tempo dos seus funcionários às ONGs, numa estratégia conhecida como
voluntariado corporativo.
Para saber mais sobre essa estratégia, acesse os seguintes conteúdos:
Faça também sua pré-inscrição nos programas de Aceleração Corporativa da Phomenta e receba o apoio de voluntários de grandes empresas para ajudar na gestão da sua organização.
Daiany França Saldanha é responsável pelo editorial do Portal do Impacto.
Revisão: Flávia D'Angelo (Phomenta)
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