Até 2030, a economia mundial testemunhará a maior transferência de riqueza entre gerações da história.
Previsões indicam que millennials (nascidos entre 1985 e 1995) receberão mais de US$ 68 trilhões de seus pais e avós, ampliando em mais de cinco vezes suas riquezas¹.
Juntos aos millennials, temos também a geração Z, que vem poucos anos depois (a partir de 1995). Sabe o que essas gerações têm em comum? Tecnologia, smartphones e informação na palma da mão, além de um senso crítico muito apurado quanto à priorização de negócios que geram impacto social.
Essas são apenas algumas características das gerações que hoje modificam a forma como as pessoas se relacionam, como negócios se comunicam e se posicionam e como as redes de consumo se estabelecem.
Como afirmam Roberta Faria e Rodrigo Pipponzi em seu artigo
A geração que vai mudar o mundo, essas são as gerações que tomam atitudes a partir dos seus ideais, transportando seus valores e crenças para a prática. Hoje, a Geração Z, juntamente com os Millenials, têm a capacidade de abraçar diversos movimentos e bandeiras de forma simultânea, o que para organizações sociais representa uma grande oportunidade de engajamento e força em suas causas sociais.
No podcast
Aqui se faz, aqui se doa, do Instituto Mol², também é citado que hoje existe um grande movimento de pessoas com muita visibilidade e muito dinheiro, chamado "Giving Pledge", que se refere a compromissos firmados publicamente por essas pessoas que se comprometem a doar parte de suas heranças e fortunas ainda em vida. Vide o exemplo do Bill Gates, criador da Microsoft, e Davi Velez, Co-fundador do Nubank. Este último se comprometeu, junto à sua esposa Mariel Reyes, a doar uma fortuna que ultrapassa 5 bilhões de dólares ainda em vida.³
Segundo a pesquisa
Future of Giving, publicada em 2020 pela Spark and Honey4, cerca de 73% dos entrevistados da geração Z afirmam que “ser politicamente ou socialmente engajado é muito importante para a sua própria identidade”.
“Pedro, muito bacana essas informações, mas como eu posso acessar essas pessoas/fortunas para minha organização?”. Se você se fez essa pergunta, estamos no caminho certo. Se hoje e nos próximos anos serão essas as pessoas que mais doarão para causas sociais e movimentos com os quais se identificam, são elas que precisamos atrair para nosso mundo.
Como faremos isso? Existem várias formas de conseguirmos mobilizar a atenção, o apoio e o recurso dessas pessoas. Vou citar aqui alguns pontos que não podemos negligenciar:
Comunicação
A comunicação com os millenials e a geração Z tem que ser simples, aberta, clara e objetiva.
É uma geração que consome muita informação a todo momento, por isso nossa comunicação com esse público deve oferecer fatos e dados e atrair a atenção e, principalmente, deve ser honesta e transparente.
Por exemplo: se sua OSC necessita de apoio financeiro para reformar uma área importante de uso dos projetos, mostre qual a área, por que aquela área precisa do apoio, o que é desenvolvido ali, quantas pessoas podem ser beneficiadas e, mais ainda, publique depoimentos de quem já é beneficiado e como aquele ambiente fará a diferença na experiência dessa pessoa dentro dos seus projetos. A geração Z constrói relações afetivas com marcas e organizações que comunicam seus propósitos.
Saiba adequar a forma como é comunicada a sua causa e seu propósito, seja
por meio de textos que abracem a linguagem ou gírias utilizadas para determinados temas. Outra ideia é utilizar avatares que personificam sua OSC, assim como a Magalu. Quanto mais pessoal e direta a comunicação, mais próximo você vai conseguir estar da geração Z e dos millennials.
Indicadores e transparência
Essas gerações preferem organizações que realmente fazem e mostram que fazem, muito mais do que as que falam que vão fazer.
Ter um controle sobre os indicadores e realizar um monitoramento sério dos seus projetos e ações é essencial para que você consiga atrair a atenção deles, e isso será materializado por meio de relatórios de atividades disponíveis nas mídias digitais da sua OSC, relatos de experiências compartilhados e acervos disponibilizados por meio do site da organização.
Como afirma o autor do livro
Philanthrocapitalism: How Giving Can Save the World⁵ (em tradução livre:
Filantrocapitalismo: como a doação pode salvar o mundo), "organizações que não caminharem de acordo com suas falas não serão escolhidas pela nova geração nem como forma de consumo e nem como opção para exercer sua força de trabalho." E completo: não serão opção para receber doações e incentivos.
Os millennials são, em sua grande maioria, mobilizados por seus propósitos e valores.
Portanto, é pouco provável que um millennial se atraia por uma organização que não consegue se alinhar com os propósitos e preocupações sociais pregados por eles.⁶
Em conclusão, para engajar os millenials e a geração Z nas suas causas sociais, é importante investir em comunicação, monitoramento de indicadores e transparência na conduta. Priorizando esses pontos e sabendo identificar e investir em outros elementos estratégicos, as chances de obter grandes e bons retornos aumentam notavelmente. Então,
mãos à obra?