Sara Dias é Prof.ª Mestra em Artes da Cena pela UNICAMP e Instrutora de Yoga, atua como educadora social desde 2006 e atualmente desenvolve projetos relacionados ao bem-estar no terceiro setor.
Contato: saradias.ds@gmail.com
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Sara Dias
Se tem uma coisa que eu tenho certeza que você já ouviu falar é que exercícios físicos são essenciais para a saúde e é recomendado para toda e qualquer tipo de pessoa.
Não seria diferente para nós, do setor da mudança social.
Mas, calma. Antes de iniciar as autocobranças quanto à sua assiduidade na academia ou aos números a mais na balança, vamos refletir sobre outras perspectivas.
É comum pensarmos que quando realizamos atividades que mobilizem nosso corpo, apenas aspectos físicos recebem seus efeitos positivos como, por exemplo, a melhora na capacidade cardiovascular, o fortalecimento dos ossos e dos músculos, a redução da pressão arterial, entre outras.
Porém, pesquisadores como o professor de psiquiatria Richard Maddock, da Universidade da Califórnia, se dedicam há décadas para comprovar os benefícios no desempenho cognitivo que obtemos com a prática das atividades corporais. Maddock explica: “Seu cérebro se torna extremamente ativo durante o exercício, talvez mais ativo do que em qualquer outro momento. A comunicação entre neurônios ocorre por meio de pulsos elétricos, e redes inteiras de neurônios podem disparar em uníssono, como uma torcida de futebol cantando em um jogo”.
Esse intenso movimento cerebral resulta na melhoria da capacidade de planejamento, memória, processamento de informação, tomada de decisão, criatividade, dentre outros aspectos cognitivos.
Precisamos de tudo isso para potencializar os impactos de nossa causa, certo?
Como o exercício físico melhora a função cerebral e a memória?
Girlene Costa, educadora física e educadora social na cidade de Campinas e Valinhos-SP, ao falar sobre os efeitos dos exercícios físicos em nossa saúde, ressalta: “Na idade em que estamos, após os 30 anos, o objetivo de ir a uma academia não é para ter um corpo malhado e ir desfilar na praia, mas é a de investir na qualidade de nosso envelhecimento. Que tipo de terceira idade você quer ter? Pois eu, aos 80, quero continuar com a minha autonomia, carregando minhas sacolas do mercado, subindo as escadas e realizando minhas caminhadas na praça”.
A preocupação de Girlene é válida já que nossa perspectiva de longevidade está aumentando. Segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE, 2022), a expectativa de vida da população geral brasileira subiu para 77 anos. Porém, com o avanço da idade, algumas comorbidades são mais frequentes na vida da pessoa idosa e, se somados ao sedentarismo, esse processo natural tende a diminuir significativamente sua capacidade funcional, deixando o indivíduo dependente de familiares, amigos e/ou enfermeiros, na realização de tarefas diárias.
As pessoas estão vivendo mais, isso significará um maior tempo de trabalho?
Pouca gente sabe, mas sou educadora física por formação. No entanto, apesar da formação científica e acadêmica, minha visão a respeito dos benefícios das práticas corporais é quase lúdica.
Quando penso naquela sensação de bem-estar que sentimos logo após dançar, correr ou praticar algum esporte, imagino aquela imensidão de hormônios inundando e se espalhando por nossa corrente sanguínea. Uma boa analogia seria quando, em filmes, vemos os processos químicos que ocorrem nos momentos de transformações dos super-heróis e heroínas. No filme do Homem-Aranha, de 2002, estrelado por Tobey Maguire, por exemplo, podemos assistir uma simulação de como isso acontece, logo após Peter Parker ser picado pela aranha.
É como se eu pudesse observar tudo que ocorre internamente, antes que se transforme em sorrisos, risadas e sentimentos de satisfação.
Em suas pesquisas para UFJF (Universidade Federal de Juiz de Fora), Francisco Werneck afirma que: “[...] a prática regular da atividade física está associada a diversos benefícios psicológicos, como menor reatividade ao estresse, diminuição da ansiedade, depressão e hostilidade, melhoria do humor, do autoconceito e do bem-estar psicológico, tanto em pessoas saudáveis quanto em pacientes clínicos”. O que nos faz crer que essa prática de autocuidado pode minimizar os efeitos do estresse contínuo que os agentes de transformação social estão expostos.
Isso impactará diretamente em suas relações no trabalho ou na vida pessoal, já que uma pessoa com bom-humor lida melhor com os que estão a sua volta.
E por falar em habilidades sociais, há quem encontre nas atividades físicas realizadas em grupos uma motivação para sua continuidade. Desta forma, seria pertinente que as organizações pudessem pensar em atividades físicas que envolvessem os colaboradores.
Girlene Costa conta que já tentou organizar esses tipos de iniciativas nas ONGs em que trabalhou, porém, infelizmente, não encontrou incentivo por parte da liderança. Ela comenta: “A gestão quer que você trabalhe o máximo de tempo em que está dentro da instituição, não é prioridade para eles o bem-estar dos colaboradores. Você precisa estar com as crianças e adolescentes o tempo todo.”
Por aqui, seguimos buscando bons exemplos de organizações que podem e estão fazendo diferente. Se você vivenciou iniciativas positivas nesse sentido, não deixe de compartilhar.
Finalizamos, sugerindo a leitura descontraída do “Manifesto pelo bem-estar dos empreendedores das ONGs” para lembrar que você é o seu maior bem. Se cuide.
Sara Dias é Prof.ª Mestra em Artes da Cena pela UNICAMP e Instrutora de Yoga, atua como educadora social desde 2006 e atualmente desenvolve projetos relacionados ao bem-estar no terceiro setor.
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