Quando pensamos em Captação de recursos, nos vem à nossa cabeça várias fontes e estratégias. Quanto mais pesquisamos, mais descobrimos novas formas de aportar mais recurso para nossa causa, desde algumas mais demoradas e complexas (para não dizer até burocráticas) como emendas parlamentares, leis de incentivo, editais de financiamento e apadrinhamento até às opções mais filantrópicas e autônomas como o recebimento de doação pontual ou recorrente, as campanhas de vaquinhas, bingo, bazar, venda de serviços e produtos e eventos beneficentes.
As opções de captação são muitas e acabamos querendo focar apenas naquelas que nos dão dinheiro de forma mais fácil e acabamos deixando de lado oportunidades que nos dariam retornos muito mais positivos se tivéssemos um pouco mais de planejamento e orientação.
Nessa perspectiva, entendo que é importante salientar alguns procedimentos que a gestão da organização junto com sua equipe de profissionais e colaboradores voluntários devem tomar para definir qual sua melhor estratégia de captação de recursos. O que trarei aqui não é nenhuma receita mágica ou algo difícil demais de se fazer, mas sim um processo essencial de auto análise e mensuração das capacidades da OSC e de seus colaboradores como um todo.
Basicamente, temos algumas perguntas a se responder, primeiro:
Qual o custo da minha organização e quais nossas atuais fontes de recursos?
Saber o custo anual da sua OSC te ajudará a mensurar no primeiro momento, que tipos de fontes podem ser mais rentáveis ou não. O custo da OSC envolve tudo: Material de consumo, material permanente, custos com pessoal, IPTU, alvarás, impostos, custos com comunicação, mídias, manutenção de infraestrutura, custos fixos (aluguel, internet) e variáveis (energia, água, etc). Identificados os custos, é preciso mapear a atual fonte de recurso da organização para entender o quanto essas fontes representam do montante total. Saber quanto a organização custa de forma mensal também é um parâmetro para ter esse valor anual.
Respondida a primeira pergunta, passamos para a segunda que é: Quais nossas forças e fraquezas dentro da área de mobilização de recursos?
Essa pergunta nos ajudará a entender em quais tipos de fontes somos bons para captar recursos e em quais fontes ainda não conseguimos trabalhar esse processo. Quem são as pessoas que têm ou não habilidades e capacidade para os tipos de mobilização de recursos que temos e que precisamos executar. Precisamos saber onde precisamos melhorar para poder criarmos estratégias de investimento para ampliar nosso leque de fontes, mas não somente isso, precisamos saber onde somos bons para melhorarmos nossa atuação e garantir o aumento do nosso alcance.
A terceira pergunta seria:
Quanto preciso/posso investir nesse momento para conseguir atingir o objetivo da organização de ser sustentável em médio e longo prazo?
Como disse o diretor executivo da ABCR, João Paulo Vergueiro num evento online¹, "às vezes nós temos a capacidade de atender 100 beneficiários com nossa organização, e buscamos atender esse número ou até mais, quando poderíamos de forma mais estratégica, diminuir a quantidade de atendidos para cerca de 60 por um período, e investir durante alguns meses os recursos economizados para poder posteriormente conseguir atender 150, 200 ou mais beneficiários. ”
Uma grande parte das OSC’s afirmam que não possuem recursos para investir em captação de recursos, para esse ponto eu recomendo que leiam o artigo publicado há algumas semanas pelo portal do impacto “Vale a pena ter uma área de captação de recursos? ²”. O fato é que você num primeiro momento não precisa gastar rios de dinheiro, contratar a melhor plataforma de doação ou a empresa mais top de captação de recursos, mas precisará investir recursos nisso, seja capacitando a gestão ou investindo em uma pessoa que se dedique exclusivamente a executar o que for planejado e idealizado pela equipe.
A pergunta seguinte será:
Como Será Feito? Como vou saber se está funcionando?
Neste ponto, passando para a visualização mais administrativa e estratégicas da captação, temos que planejar, definir e orientar junto com a equipe:
- Qual a estratégia escolhida (mais viável para a realidade da OSC)?
- Qual a meta definida (de forma mensurável, quanto queremos obter com essa estratégia)?
- Quanto tempo teremos para atingir nossa meta (qual o tempo necessário para se atingir a meta)?
- Como saberemos se estamos no caminho certo (monitoramento de indicadores de alcance, resultado e retorno)?
Depois desse processo será muito mais real e forte a possibilidade de retorno positivo de captação para sua OSC, tendo como base esse mini plano de ação. É como chamamos na administração de Ciclo PDCA³, que basicamente é “planejar, fazer, verificar e agir''. Entendendo um pouco mais esses conceitos e buscando responder essas perguntas, você terá uma clareza maior e poderá seguir com a melhor estratégia para sua organização. Mãos à obra!
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Referências:
¹ Vídeo:
Captação de Recursos e a Pandemia, e agora? Instituto Sinergia Social e Associação Brasileira de Captadores de Recursos.
²
Vale a pena ter uma área de captação de recursos?
³
PDCA: o que é, etapas e como aplicar este poderoso método de gestão?
Este conteúdo foi produzido por
Pedro Sá