Antes de começar a ler esse texto, gostaríamos de fazer uma pergunta para você, gestor social: já ouviu falar de emergência climática? Dentro da sua organização, vocês trabalham essa temática em alguma frente de atuação? Se não, vem com a gente entender um pouco mais sobre este assunto! E se sim, nos ajude a fortalecer e democratizar o acesso e conhecimento para mais pessoas.
Com o passar dos dias, semanas e meses estamos observando a incessante busca pela precisão científica e o avanço tecnológico, ao mesmo tempo que percebemos o aumento das desigualdades sociais no país e no mundo. É possível adicionar o descarte irregular de resíduos, a exploração indevida da terra, a produção exacerbada de bens não-duráveis, a poluição do ar e muitas outras consequências da ação do homem no próprio planeta Terra. Devido às emissões recorrentes de Gases de Efeito Estufa (GEE) na atmosfera, por meio da queima de combustível fóssil e o aumento do desmatamento atrelado à expansão da pecuária, a temperatura global aumenta - consideravelmente - a ponto de ameaçar a vida, nossa e de todos os seres que aqui habitam! Tal fato provoca um horizonte de emergência, precisamos frear o aumento da temperatura e conter os impactos da crise climática!
É importante dizer que, os impactos da crise climática são injustos, de modo que, aqueles que menos impactam o ambiente são os que mais sofrem com suas consequências.
No Brasil, os mais vulnerabilizados estão entre comunidades ribeirinhas, quilombolas, povos indígenas, moradoras e moradores de favelas e periferias das cidades, além dos campesinos, agricultores familiares, microempreendedores do campo, mulheres, crianças e idosos. Estima-se que, em nosso país, 40 milhões de meninas e meninos estão expostos a mais de um risco climático ou ambiental e, segundo o Fundo das Nações Unidas para a Infância (UNICEF), as mudanças climáticas comprometem a garantia dos direitos fundamentais¹.
É comum ouvir que as crianças são o futuro da nação. No entanto, que tipo de futuro espera o Brasil, caso não promova ações relevantes e eficientes para a adaptação e mitigação das já percebidas consequências da emergência climática?
Segundo o
IPCC, ‘ainda há esperança para a ação climática, mas tende ser global.’ Para além disso, o Painel Intergovernamental de Mudanças Climáticas entende que as soluções precisam ser baseadas na natureza e nos territórios mais afetados. À luz da realidade brasileira e entendendo a complexidade da crise climática, uma das soluções é fortalecer as organizações que já estão tornando seus territórios mais resilientes e adaptados aos eventos climáticos extremos.
E o que nós temos feito para contribuir com o enfrentamento da crise climática?
A Phomenta apoia, acredita e, sobretudo, incentiva as Organizações da Sociedade Civil que estão trabalhando pela preservação e justiça. Organizações essas que lidam diariamente com os recortes de causa e público mais vulneráveis e afetados diante de um cenário extremo de crise, predispostos a serem mais impactados negativamente com os eminentes efeitos, como a seca extrema, a desregulação do regime de chuvas, o empobrecimento do solo, o aumento do nível do mar e todas as consequências desses efeitos.
Se o modelo econômico continuar o mesmo, a produção e consumo não se tornarem responsáveis e os gases de efeito estufa continuarem sendo emitidos devido a queima de combustível fóssil e o desmatamento desenfreado, estima-se que até 2100 a renda média mundial caia em até 23%. Esse dado é ainda mais assustador para o Brasil, afetando a renda média em até 83% ². As conclusões do 6º relatório do Painel Intergovernamental de Mudanças Climáticas, lançado no mês de Abril deste ano, são assustadoras e reforçam a necessidade de atuação em favor da mitigação e da redução da emissão de GEE. Concomitantemente, o debate sobre investimentos verdes e sustentáveis cresce no Brasil, segundo a consultoria Natural Intelligence (NINT), as operações sustentáveis de crédito movimentaram R$100 bilhões em 2021 ³.
Para além dos números, investir em pessoas articuladoras e gestoras sociais que empreendem e garantem o acesso à terra, alimentação segura, moradia digna, proteção dos territórios, preservação dos biomas e as diversas formas de justiça é investir num presente mais justo e sustentável.
A emergência climática é um desafio do agora e demanda soluções imediatas e globais para o seu enfrentamento. Um desafio que precisa ser enfrentado com políticas públicas relevantes, educação, ação dos entes responsáveis, cooperação econômica, financiamento justo e com a sociedade civil engajada. Para isso, se faz importante democratizar o acesso à informação, ecoando as vozes dos mais afetados, co-criando soluções com as comunidades e transformando realidades.
Por mais complexo que o enfrentamento à emergência climática seja, a Phomenta está comprometida em fortalecer boas práticas de gestão, conexão e inovação para os gestores sociais. Estamos atuando para que o cenário atual possa ser substituído por uma realidade de ação global, transversal e multisetorial contra a mudança do clima, por meio do fortalecimento das organizações comprometidas com a justiça e dignidade em todos os níveis.
¹ Dado retirado do relatório ‘Crianças, Adolescentes e Mudanças Climáticas no Brasil’ lançado em 2022 pela UNICEF
² Dado extraído do relatório do IPCC lançado no dia 28/04/2023
³ Dado apresentado pela consultoria NINT (Natural Intelligence) durante o Workshop Financiamento Sustentável realizado pela Eletrobras em maio de 2022.
Referências:
Infância e risco ambiental,
Dados da NINT sobre títulos verdes,
O relatório síntese do IPCC foi amplamente abordado pela imprensa nacional e internacional, com destaque em veículos como
Agência Brasil, Capital Reset, CNN Brasil, Cultura, Estadão, Folha, Metrópoles, O Globo, g1, Valor e VEJA, além de AFP, Associated Press, BBC, Bloomberg, Climate Home, Financial Times, Guardian, NY Times, Reuters, Washington Post e Wall Street Journal.