Daiany França Saldanha é responsável pelo editorial do Portal do Impacto.
Este conteúdo foi produzido por Daiany França Saldanha
Se, assim como eu, você já se sentiu ou se sente sozinho(a) na gestão da sua organização, te convido a ler este texto até o final. Talvez minha experiência possa te ajudar a lidar melhor com essa situação.
Primeiro, gostaria de compartilhar sobre o sentimento que me fez escrever sobre esse assunto. Faz pouco mais de 7 anos que empreendo em uma Organização da Sociedade Civil. Nos primeiros três, não foram poucas as vezes em que me vi sozinha nas funções de gerir a OSC. Durante alguns momentos, me sentia muito desanimada, pois construíamos lindos planos que não raro “morriam na praia”. Na maioria das vezes, eu tinha que planejar, executar e monitorar os projetos. Tudo muito exaustivo e solitário.
Então desisti. Não da OSC, de empreender ou de gerenciar. Desisti de fazer as coisas da maneira como vinha fazendo.
A seguir, compartilharei quais atitudes tomei para diminuir (e até zerar) essa sensação de que era a única pessoa que se responsabilizava por fazer a gestão da OSC. Mas, antes disso, vale dizer que parto de um entendimento de que, assim como eu, os dirigentes eleitos nessa organização sempre tiveram duplo papel: participar do conselho de administração e gerir seu dia a dia.
Para alguns modelos de governança, isso não faz sentido, já que esses papéis são exercidos por pessoas diferentes. No entanto, para a maioria das OSCs brasileiras, sobretudo as de pequeno porte financeiro e de base voluntária, essa é a realidade.
A fim de modificar essas situações e alavancar a gestão da organização, a primeira decisão que tomei foi convocar uma assembleia extraordinária para desligar as pessoas que já não estavam mais em condição de contribuir com a gestão. Isso teve um custo razoável com cartório e outras demandas de documentação, mas era o que precisávamos fazer naquele momento. A decisão foi unânime, porque tínhamos todos o mesmo desejo: o crescimento da OSC.
A decisão seguinte foi sair de cena.
Eu estava cansada e precisava descansar. Vinha adiando férias por muito tempo, porque eu me contava que nada daria certo sem mim ou, pior, que as coisas não andariam da minha maneira (que eu, ingenuamente, acreditava ser a melhor forma).
Foi aí que tudo mudou. Tirei licença da organização por cerca de um ano. Mudei até de cidade. Outras lideranças tiveram que assumir a responsabilidade. De repente (só que não!), eu já não estava sozinha; a partir disso, nos tornamos quatro gestoras!
Foi e vem sendo um grande aprendizado para todas nós. A organização cresceu, e hoje estamos treinando novos gestores. Assumi papéis estratégicos, desejo antigo, e agora temos novos desafios para superar. O mais importante do meu relato é que esse sentimento de solidão já não existe mais para mim, ainda bem.
Se lá atrás eu não tivesse tido a coragem de confrontar meus outros colegas (que estiveram comigo na fundação da organização), nem a ousadia de sair de cena, é provável que ainda hoje eu me sentisse sozinha.
Como última partilha, vou deixar uma provocação para você. Uma das gestoras que hoje lidera a organização certa vez me confessou que queria assumir mais responsabilidades e tornar-se gestora de fato; mas ela não encontrava espaço. Eu não estava dando espaço (nem tempo) para ela compreender a dinâmica da OSC, para se sentir confortável como gestora, para entender que tipo de gestora ela é e gostaria de ser, e por aí vai...
Sendo assim, você está fazendo a gestão sozinha por que de fato não tem mais ninguém para te ajudar ou por que as pessoas não estão encontrando espaço para isso? Permita-se refletir a respeito. 😉
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