Por Carla Ninos, coordenadora de comunicação da Iniciativa PIPA
A Iniciativa PIPA lidera, nos últimos anos, o movimento para reestruturar o setor da filantropia e do investimento social privado (ISP) no Brasil, encorajando uma revisão crítica das práticas filantrópicas, suas operações e impactos; a partir do fomento de dados, com o lançamento das pesquisas “Periferias e Filantropia” (2022) e “Guia das Periferias para Doadores” (2024); através da incidência estratégica em áreas, atores e temas centrais do campo; além de difundir narrativas que levem a uma mudança na distribuição de recursos, garantindo que cheguem aos territórios periféricos, mais afetados pela desigualdade e pela falta de investimentos.
É importante que haja uma filantropia estratégica no Brasil e entendemos que; ao olhar para terceiro setor, e perceber a evidente desproporcionalidade no que tange a alocação de recursos e como eles são distribuídos, há um caminho longo a ser percorrido para se chamar de estratégica a filantropia praticada, atualmente, no país.
Ao analisar o repasse de recursos no país, percebesse um aumento deste para organizações sociais, o que fortalece o ecossistema de forma geral. Mas, ao territorializar a análise, encontra-se outra realidade, evidenciada pela nossa pesquisa “Periferias e Filantropia” (2022), em que há dezenas de organizações vivendo com menos de 5 mil reais por ano. Organizações em que todas as pessoas são voluntárias.
A Iniciativa PIPA, partindo de uma perspectiva negra e vinda das periferias, detectou algumas práticas possíveis que os doadores no Brasil podem adotar para construir uma Filantropia Estratégica e fazer com que seus processos de doação façam com que o dinheiro chegue em quem faz a realidade acontecer: As periferias brasileiras!
Lançado em maio, em São Paulo, para uma plateia repleta de pessoas estratégicas do campo da filantropia e do Investimento Social Privado (ISP), o
Guia das Periferias para Doadores chega com o objetivo de se tornar uma ferramenta estratégica de consulta destinada aos doadores no Brasil.
“O Guia se propõe a ser uma carta convite para os doadores com propostas de mudanças efetivas. É um documento contendo reflexões, diagnósticos, estratégias e metodologias, que traz ações para uma narrativa reposicionada para que as organizações de periferia sejam a centralidade quando pautamos repasses de recursos. Para isso, estamos propondo mudanças práticas no que temos hoje, a fim de refinar o diálogo entre doadores e organizações compostas e geridas de/por/para sujeitos periféricos”, afirma Nil Torres, coordenadora de pesquisa da PIPA.
O guia põe na mesa três eixos chaves para uma mudança de paradigma na doação: A
Pluralidade nas Equipes e Conselhos Deliberativos; o
Fortalecimento Institucional e a
Transparência.
Pluralidade nas equipes e Conselhos: Entendemos que é de suma importância que haja uma maior pluralidade nas equipes, no que tange à raça, gênero e territorialidade. Desde o planejamento, passando pela execução e terminando na avaliação, pois impulsiona uma mudança estratégica programática internamente.
Fortalecimento institucional: O Guia defende que os doadores precisam olhar com mais atenção para suas estratégias de financiamento, visando focar recursos para o fortalecimento institucional das organizações.
Transparência: A existência e apresentação dos portfólios dos financiadores e o detalhamento de quais linhas programáticas apoiam, é fundamental para a estratégia de captação de recursos de organizações periféricas, pois as gestoras dessas organizações não sabem onde ou a quem solicitar recursos.
“Com o Guia, a gente começa a encontrar caminhos possíveis para a mudança. Mostrando como estamos comprometidos, não só, em apontar os problemas e o que precisa ser melhorado, mas também, em como auxiliar o campo a se repensar e ampliar o seu impacto de forma efetiva”, afirma Gelson Henrique, diretor executivo da Iniciativa PIPA.”
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