Este conteúdo foi produzido por Nuclear.HUB
Qual a relação entre esforço e retorno de pautar uma causa em grandes veículos de comunicação de massa? Qual o impacto disso na mobilização efetiva de pessoas em determinada causa?
Em minha trajetória no mestrado, pude entrar em contato com uma literatura que compreende a comunicação como fator preponderante para a mobilização social. Nesse artigo, compartilho com você alguns dos pontos que aprendi ao longo desse processo.
Ao considerar os projetos mobilizadores como iniciativas de caráter aberto, dinâmico e descentralizado, a comunicação tem um papel muito maior do que apenas informar. Compreende também a criação de uma interação entre os projetos e suas causas com seus respectivos públicos por meio do compartilhamento de sentidos e valores.
Com isso, espera-se que os vínculos dos públicos com os projetos sejam fortalecidos e, assim, sejam “capazes de tomar iniciativas espontâneas de contribuir à causa dentro de suas especialidades e possibilidades” (HENRIQUES et al., 2002, p. 34).
Estratégias de comunicação para criar vínculos?
Aqui, a proposta é compreender a comunicação mobilizadora como uma coordenada de ações, e não somente como uma ferramenta ou instrumento de controle de ações.
O grande desafio de pensar a comunicação como uma coordenação de ações é o de gerar e manter canais livres para a comunicação, de modo que os públicos possam interagir entre si e com a causa do projeto.
Para que haja a mobilização de pessoas diante de determinada causa, elas precisam de informação. Mas não só: essas pessoas também devem compartilhar visões, emoções e conhecimento diante da realidade que as circundam e, assim, podem gerar uma reflexão e debate para mudança.
Comunicação de massa, macrointencional e microintencional
A comunicação de massa é fundamental para difundir e dar legitimidade à causa, o que contribui para aumentar a sua força de convocação. A mídia pode ser considerada uma importante opção para a divulgação de informações referentes a determinadas causas, principalmente no que diz respeito ao alcance que ela proporciona. Porém, a comunicação de massa não pode ser a única e nem a principal estratégia utilizada, principalmente porque tem como objetivo a busca da identificação dos públicos com determinado projeto e, com isso, almeja atingir uma participação efetiva.
“O conhecimento e o desenvolvimento da comunicação são fundamentais para projetos de mobilização, principalmente no novo cenário social, onde as lutas pelo reconhecimento tornam-se lutas por visibilidade”
(BRAGA et al., 2002, p. 85).
Já a comunicação macrointencional compreende um fluxo contínuo de informações. Este fluxo deve existir para que as ações locais permaneçam atualizadas e coerentes com a causa, já que um processo de mobilização é algo dinâmico e está suscetível a mudanças em seu percurso.
Por fim, a comunicação dirigida (ou microintencional) é o processo que busca transmitir ou conduzir informações ao estabelecer uma comunicação frequente com um determinado público. Esse tipo de comunicação promove maior proximidade entre os indivíduos e possibilita ações mais coesas. Todas as ações de comunicação precisam sempre estar alinhadas e coerentes ao caráter próprio da mobilização.
“É necessário ver a comunicação não apenas sob o ponto de vista técnico, como um campo de conhecimento específico, mas enxergá-la de modo mais amplo como uma competência fundamental a que todos devem ter direito e sem a qual não podem os sujeitos coordenar suas ações, posicionar-se no mundo e transformá-lo” (HENRIQUES, 2005, p.13).
Em relação à atuação estratégica da comunicação, vale destacar que um de seus princípios é
estabelecer vínculos entre as organizações e seus diferentes públicos por meio da criação e manutenção de uma rede que estruture e acompanhe os elos criados. Isso permite uma melhor compreensão do processo comunicativo.
Como você está facilitando espaços para criação e manutenção desses vínculos de pessoas com a sua causa?
Este conteúdo foi produzido por Nuclear.HUB
Natália Gonzales: Cofundadora da Nuclear.HUB, cujo propósito é conectar pessoas, causas e marcas por meio de estratégias de comunicação. Bacharel em Relações Públicas e mestra em comunicação pela Unesp, possui mais de 10 anos de experiência em comunicação, em organizações como Amcham, Mondelez International, Fundação Abrinq e Oracle. É mentora de comunicação no Distrito e ImpactHUB, além de ser co-líder de comunicação do Instituto Capitalismo Consciente da Filial de Campinas.
REFERÊNCIAS
BRAGA, Clara. S.; HENRIQUES, Márcio Simeone.; MAFRA, Rennan Lanna M. O planejamento da comunicação para a mobilização social: em busca da co-responsabilidade. In: HENRIQUES, M. S. (org) Comunicação e estratégias de mobilização social. Belo Horizonte: Autêntica, 2002.
HENRIQUES, Márcio Simeone; MAFRA, Rennan.; BRAGA, Clara. O Planejamento da Comunicação para a Mobilização Social: em busca da co-responsabilidade. In: HENRIQUES, Márcio (org). Comunicação e Estratégias de Mobilização Social. Belo Horizonte: Autêntica Editora, 2002.
HENRIQUES, Márcio Simeone; WERNECK, Nisia Maria Duarte (org). Visões de Futuro: responsabilidade compartilhada e mobilização social: Autêntica, 2005.
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