Luiza Campos, colaboradora do time Phomenta.
Se você já ouviu falar em teoria da mudança e tem um certo medo do termo, fique tranquila: você não está sozinha!
Dentro da realidade de uma organização social que resolve problemas todos os dias e se esforça ao máximo para mudar o mundo, a teoria da mudança pode parecer um monstro de sete cabeças. Costumamos achar que não temos tempo nem para começar a entendê-la.
Por isso, queremos começar dizendo que a teoria da mudança é uma ferramenta incrível, mas não deixa de ser apenas uma ferramenta.
É uma metodologia complexa criada para ajudar organizações sociais que se propõem a resolver problemas complexos da sociedade. Mas, apesar de complexa, essa metodologia não é uma ferramenta difícil de ser utilizada.
Do mesmo jeito que o papel e a caneta são ferramentas para um escritor, a teoria da mudança é uma ferramenta para a empreendedora social.
No caso do escritor, papel e caneta não são as únicas ferramentas que ele tem à disposição. Ele pode escrever seu conteúdo com lápis, no computador, em um caderno, entre outras opções. O que importa é que a ferramenta escolhida funcione para ele gerar o conteúdo que se propõe. O foco não é a ferramenta, mas o que você faz com ela. Dito isso, acreditamos que a teoria da mudança é uma metodologia que ajuda as organizações sociais a aprofundarem sua capacidade de gerar impacto positivo.
E o que é essa famosa teoria da mudança? Colocando de forma bem simples, ela é um mapa. Ou melhor, um mapa do tesouro! O tesouro é o impacto que você quer gerar no mundo, e a teoria é o mapa que vai te mostrar, passo-a-passo, como chegar lá. Pense agora em algum filme de piratas que querem encontrar um tesouro ─ o que eles fazem?
1. Eles começam estudando o tesouro: esse tesouro existe mesmo? Quem foi que disse? De onde veio? Quem contou essa história? O que pode ter dentro do baú?
2. Quando eles decidem que existe um tesouro valioso, eles analisam onde eles estão, onde o tesouro está e o que existe no caminho entre eles e o tesouro: precisam navegar quantos oceanos? Tem algum monstro conhecido na rota? Tem uma ilha no meio do caminho? Vão precisar atravessar uma floresta? Está enterrado, escondido, afundado?
3. Sabendo o que tem no caminho, eles definem o que precisam para superar os obstáculos: quantos navios? Qual a tripulação necessária? Preciso de um especialista na área? Preciso levar comida para quantos dias? Preciso de pá, escavadeira, tanques de oxigênio? Preciso construir alguma geringonça para alcançar o tesouro?
4. Só depois de terem o que precisam, eles começam a jornada. Mas é isso? Começam a navegar e chegam ao tesouro sem nenhum problema?
5. Muito pelo contrário… Eles checam as bússolas, equipamentos e estrelas todos os dias para verificar se estão no caminho certo e se adaptam quando aparecem obstáculos inesperados.
Agora você tem a desculpa perfeita para brincar de pirata mesmo depois de adulta. Para fazer a teoria da mudança da sua organização, imagine que vocês são “piratas sociais” e comece pelo tesouro: qual problema quero solucionar e qual impacto quero gerar? A partir daí, monte a estrutura da metodologia. Na Phomenta, usamos essa estrutura simplificada:
- Recursos: inclui recursos humanos, financeiros, infraestrutura e da comunidade (atendidos, colaboradores, diretoria, parceiros).
- Atividades: principais atividades executadas, ferramentas de tecnologia, processos que utilizam os recursos listados anteriormente.
- Resultados de curto prazo: resultados imediatos a partir das atividades oferecidas.
- Resultados de médio prazo: mudanças específicas no comportamento dos participantes, conhecimentos e hábitos adquiridos.
- Resultados de impacto: mudanças esperadas ou não planejadas em organizações, participantes, ecossistemas, sistemas, comunidades.
Exemplo preenchido:
Lembra que falamos que a teoria da mudança é complexa, mas não é difícil? Fez sentido agora? A estrutura é bem simples. É só seguir a imagem acima e as dicas dos piratas de filmes. Mas as respostas para cada um desses quadrinhos é bem complexa. Quando trabalhamos com problemas sociais e ambientais, as explicações não são simples; elas precisam ser estudadas e discutidas. E, quando falamos de mensuração, também pode ser bem complexo entender como medir seus resultados.
Por isso, nosso melhor conselho é: não tente fazer tudo sozinha, muito menos com pressa.
Dê tempo e espaço para que você e sua equipe possam pesquisar, conversar, tirar dúvidas, falar com beneficiários e fazer tudo que precisa ser feito para que essas perguntas possam ser respondidas com a profundidade necessária. Essa é a parte da teoria da mudança que leva tantas pessoas a terem aquele certo medo do qual falamos antes. Ela é trabalhosa, então respire fundo quantas vezes precisar e siga sem pressa ou pressão.
Preciso fazer a teoria da mudança para a minha organização? Não. A teoria da mudança é uma ferramenta, não uma obrigação. Por nossa experiência, a teoria da mudança é uma ferramenta que auxilia as organizações na busca pelo impacto desejado e, por isso, utilizamos essa metodologia nas acelerações. Mas isso não quer dizer que seja a única metodologia possível, muito menos que as organizações que não usam a teoria da mudança não podem gerar impacto.
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Luiza Campos, colaboradora do time Phomenta.
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