Seja qual for a situação da sua organização nesse momento, se você está lendo esse texto, está na hora de trocar o foco da preocupação com dinheiro para a
busca pela sustentabilidade econômica. Você está pronto para essa conversa? Nós acreditamos que sim!
Aqui na Phomenta, nós definimos Sustentabilidade Econômica como a
capacidade de uma organização de possuir recursos financeiros adequados para continuar existindo no longo prazo. Ou seja, ter recursos suficientes para que sua organização continue oferecendo impacto enquanto existir.
Se isso lhe parece um sonho impossível, é porque meio que é. A sustentabilidade econômica não é um lugar aonde se chega, e sim um horizonte que te guia. E pensando nela como um horizonte, você pode estar mais perto ou mais longe dessa utopia.
Existem fatores que te ajudam a chegar cada vez mais perto. Mas antes de entrarmos neles, queremos te propor um exercício: pegue uma folha de papel e, lá no lado direito, no final da folha, escreva “sustentabilidade econômica” (pode fazer um desenho também se quiser).
Não se preocupe, não existe certo ou errado. Mas para começar essa jornada, você precisa saber exatamente em que ponto você está. (Se você não sabe muito bem onde está, não se preocupe, no final desse texto tem mais um exercício para te ajudar a definir!)
Mesmo vendo a sustentabilidade econômica como um guia e não um lugar, existem fatores que vão levar sua organização para mais perto desse horizonte tão sonhado. Esses fatores são: diversificação de receitas, fontes recorrentes, fluxo de caixa, concentração em uma pessoa e receitas com restrições.
Diversificação de receitas
Diversificação e risco têm um relacionamento bem forte e oposto. Se você só tem uma fonte de receita, por exemplo, você está correndo um risco altíssimo porque, se por qualquer motivo essa fonte de receita ficar indisponível, você vai perder tudo. Se seu convênio ou parceria acaba, ou mesmo se dá um problema na transferência e você fica um mês sem receber aquele valor esperado, o que você faz?
Por isso, um dos critérios de boas práticas de transparência e gestão do comitê internacional ICFO é que a OSC possua pelo menos 3 fontes de receitas diferentes em seu orçamento anual.
Fontes recorrentes
Nesse ponto, estamos considerando receitas recorrentes como receitas livres, ou seja, sem restrição de uso. Ter esse tipo de receita organizada de uma forma que você sabe quanto e quando vai vir te permite planejar e se preparar, tanto para definir atividades e ações, quanto para criar eventos pontuais para suprir o que falta. Você vai poder, por exemplo, se comprometer a comprar materiais novos no mês seguinte porque você sabe que tem dinheiro vindo e que vai estará disponível para isso. O importante desse ponto é que ter receitas recorrentes gera previsibilidade e permite planejamento!
Fluxo de caixa
Olhar para o fluxo de caixa é entender as contas da sua organização ao longo do tempo e se preparar para o que está por vir. Por exemplo, se você sabe que todo mês entram R$ 1.000 de serviços prestados e R$ 200 de um bazar, e você também sabe que em setembro vocês vão fazer uma grande ação que vai precisar de materiais e marketing, você consegue planejar o quanto guardar todo mês ou decidir fazer um evento de arrecadação em maio. O fluxo de caixa vai te ajudar a entender quando e quanto está entrando, e quando e quanto precisa ser gasto. A análise do fluxo de caixa pode ser mais complexa do que você consegue lidar no momento, e é nessas horas que ter uma pessoa ou uma equipe focada nisso vai te trazer uma vantagem incrível.
Concentração em uma pessoa
Sabemos como é difícil para OSCs começar a criar uma equipe dedicada à captação de recursos, mas acreditamos que é necessário. Um dos motivos é que, se está tudo concentrado em você ou em uma pessoa só, o que acontece quando essa pessoa sai? Ou se ela fica doente? Essa pessoa consegue tirar férias? É possível que a concentração de informação ou de atividades em uma pessoa seja a maior barreira para a sua organização se tornar sustentável. Criar equipes é uma boa prática, mas, além disso, criar manuais e treinamentos, e incluir outras pessoas em reuniões ou conversas vai gerar um benefício exponencialmente maior que o trabalho necessário para preparar isso tudo.
Receitas com restrições
Existem receitas que você pode usar de forma livre e direcionar para o que a organização estiver precisando no momento, mas um tipo muito importante de receita que está bastante presente em editais, convênios e parcerias são as receitas restritas. Ou seja, receitas que só podem ser usadas para bancar custos bem específicos e predeterminados. A nossa primeira recomendação é ler bem o contrato e entender como o recurso pode ser usado antes de assinar ou aceitar. Já vimos vários casos de organizações que entram em editais para gerar mais renda, e acabam criando despesas ainda maiores que não conseguem pagar. A segunda recomendação é prestar bastante atenção para só usar esse dinheiro com o que for permitido e guardar todas as notas fiscais e comprovantes, porque usar esses recursos de forma errada pode gerar muita dor de cabeça. Como uma última recomendação é se preparar para conseguir recursos de outra forma para pagar os custos que não são permitidos. Pode ser extremamente válido a sua equipe de captação focar em criar ou buscar fontes de receitas que são livres para te dar liberdade de decidir com o que usar.
Agora que você sabe os fatores que influenciam a distância entre sua organização e a sustentabilidade econômica, vamos te propor mais um exercício (sim, aquele que falamos quando te pedimos para desenhar). Esse é bem importante, tanto para quem conseguiu desenhar onde sua organização está quanto para quem não conseguiu.
Obs: Para esse exercício, talvez você precise da participação da sua equipe de captação de recursos e/ou de contabilidade.
Pegue o papel de novo, e vire. Divida em 3 seções.
Na primeira seção, responda às seguintes perguntas:
Em que momento está a minha organização? Estamos crescendo? Estamos diminuindo? Temos um tamanho que pretendemos manter por enquanto?
Na segunda seção, responda:
- Quanto precisamos captar de recursos até o próximo mês? Por que esse valor?
- Quanto precisamos captar de recursos até o final do ano? Por que esse valor?
- Quanto precisamos captar de recursos para o próximo ano? Por que esse valor?
Na terceira seção:
Liste todas as suas fontes de receita e coloque qual o percentual que essa fonte corresponde do total.
Seu papel deve ficar mais ou menos assim:
Considerando tanto os fatores que levam você mais perto da sustentabilidade econômica quanto onde sua organização está no momento, vire o papel de novo.
O que você tinha desenhado antes ainda faz sentido? Se precisar, faça ajustes, trazendo sua organização para mais perto ou mais longe do que você tinha colocado antes.
Não jogue fora esse papel agora que concluiu o exercício! Ele pode se tornar um mapa para guiar sua jornada em direção à sustentabilidade financeira porque com ele você já consegue se organizar e entender bastante coisa da sua organização. Um primeiro ponto para observar é quantas fontes de receita você listou e qual a porcentagem que cada uma representa para a sua organização. Estão diversas o suficiente? Como você pode trazer mais sustentabilidade para essa área? Outro ponto importante é que agora você sabe quanto dinheiro precisa para o próximo mês, até o final do ano e para o próximo ano. Compare essas informações com suas receitas. Elas cobrem tudo? Como você pode arrecadar o que precisa?
Lembramos que sustentabilidade econômica é uma utopia! Mas isso não significa que não tem nada que você possa fazer a respeito. Este texto é um convite à reflexão e a algumas análises iniciais sobre a saúde financeira da sua organização - e são muito importantes. Ao finalizar os exercícios propostos, contem para a Phomenta os resultados!