Siga-Nos!


Assine a nossa

newsletter

Logo do Portal do Impacto

7 formas de captar recursos com empresas - Parte 2/3

24 de fevereiro de 2022

Este conteúdo foi produzido por Daiany França Saldanha



Depois de duas semanas, voltamos com a segunda parte da série 7 formas de captar recursos com empresas.


Recebemos muitas mensagens positivas a respeito do
primeiro texto e agradecemos muito por isso! Nosso objetivo é gerar conteúdos que façam a diferença no seu dia a dia e transformem sua organização, então confirmar que estamos nesse caminho nos enche de entusiasmo.


E sobre o que vamos falar nesta edição?


Primeiro, deixe-me refrescar a sua memória. Na parte 1, das sete formas de captação de recursos com empresas, vimos duas:
Leis de Incentivo e Editais. Agora vamos conhecer mais três formas: Arredondamento, Produtos Sociais e Matchfunding, todas ações de marketing relacionado à causa.


Segundo, antes de falar das três formas em si, permita-me explicar, com um pouco mais de aprofundamento, o
marketing relacionado à causa.


Como o próprio nome sugere,
Marketing Relacionado à Causa (MRC), ou marketing de causa, é a combinação de dois grandes assuntos: marketing e causa social. Sendo assim, a primeira “tarefa de casa” para alguém que deseja aproveitar essa estratégia de captação de recursos é estudar e compreender o básico sobre os dois assuntos.


Hoje, vou focar somente no marketing, porque “causa social” merece uma conversa à parte. Só guarde o que vou te dizer agora:
a causa social da sua ONG não é o público que ela atende. Se não é isso, já vai refletindo por aí: "qual é a causa social da minha ONG?”. Voltaremos a falar sobre isso daqui a alguns textos.


Sobre marketing,
Raimar Richers comenta que essa é uma palavra que circula no Brasil quase com a mesma frequência e intensidade das palavras democracia e goiabada


Certamente, você já deve ter ouvido ou dito algumas das frases: “arrasou no marketing!”, “eles têm uma boa equipe de marketing”, “esse marketing foi muito apelativo”, “é tudo marketing!”. Todas elas nos ajudam a provar a popularidade do marketing no Brasil.


Apesar de o marketing ser algo difícil de conceituar, considerando que o termo já passou por muitas reformulações e
se transforma de acordo com o contexto, não posso deixar de conversar com você sobre o conceito de “marketing social”, diretamente conectado com o nosso trabalho e “pano de fundo” do MRC. 


Paulo Meira explica que o marketing social é praticado por governos e agências de financiamento e que seu objetivo “é conscientizar ou sensibilizar as pessoas a respeito de um tema de natureza social ou buscar uma mudança de comportamento social”. O “pai do marketing”, Philip Kotler, demonstra a importância do “uso dos princípios e técnicas de marketing para influenciar um público-alvo a voluntariamente aceitar, rejeitar, modificar ou abandonar um comportamento para o benefício de indivíduos, grupos ou da sociedade como um todo”.


Algumas pessoas colocam marketing social e  marketing relacionado à causa (MRC) como sinônimos, mas gosto de entendê-los da seguinte forma: marketing social é o que uma OSC pratica – por exemplo, é a sua relação com as pessoas e a sociedade em prol de uma mudança de comportamento; já o MRC parte das empresas e envolve resultados comerciais, ainda que contribua diretamente para causas.


Exemplo de marketing social: Uma OSC da causa animal resolve realizar uma campanha com finalidade de diminuir os maus tratos e abandono de animais.


Exemplo de marketing relacionado à causa: Uma empresa resolve celebrar uma parceria com uma OSC da causa animal, e uma das ações envolve a venda de livros especiais sobre o universo pet. Parte da renda gerada é direcionada para a OSC parceira.


 


Conheça as campanhas de MRC do Ipê.


Algo que escuto com frequência é que MRC é só para grandes ONGs. E não vou mentir pra você: me parece que, sim, as grandes empresas preferem as grandes ONGs, porque, afinal de contas, estamos falando de marketing! (Quando me refiro a “grandes” ONGs, estou falando de organizações que têm escala – milhares de atendimentos em diferentes territórios – e maturidade financeira).


Mas, por outro lado, defendo que desistir antes de tentar não é inteligente. Sempre me inspiro nas “grandes ONGs” e me preparo para que a ONG que fundei se torne uma grande referência também, replicando, dentro da nossa realidade, algumas ações de MRC. Por exemplo, no início da pandemia comprei um laptop da marca Lenovo, que tem parceria com o Instituto Ayrton Senna e que sabe muito bem como explorar a estratégia de MRC. Coloquei na cabeça que tentaria algo assim pra minha ONG e fui atrás.


Comecei a listar pessoas que eu conheço e que são donas de empresas e/ou conhecem pessoas que são. Cheguei a uns três nomes. Verifiquei que uma das empresas da lista tinha um posicionamento de mercado muito conectado com a causa da minha organização (empoderamento de mulheres). Fiz uma abordagem e vendi a ideia.


Durante a primeira onda da pandemia, nossa parceria foi um sucesso – tanto para a ONG, que conseguiu recursos para ações emergenciais, como para a empresa, que vendeu muito mais do que o esperado, atribuindo à parceria o bom retorno financeiro. É claro que não foi uma captação de recursos "estratosférica”, como imagino que seja a de uma organização do nível do Instituto Ayrton Senna, mas juntos desenhamos objetivos que foram alcançados. Veja aqui o relato da dona da empresa.


Importante: estabeleça seus objetivos de acordo com a sua realidade. Inspire-se em grandes ONGs ou campanhas, mas evite comparações.


Agora sim, as três formas de captar com empresas que prometi no início do texto:



ARREDONDAMENTO


 O arredondamento, também conhecido por “1 compra, 1 doação”, é uma das formas de captar recursos por meio do marketing relacionado à causa.


Na prática, ao comprar um produto ou serviço, como um remédio na farmácia, um curso on-line ou uma passagem aérea, você pode escolher arredondar a sua compra e assim doar os “centavos” a mais para uma OSC ou causa. A soma dos centavos vira milhares de reais, que fazem MUITA diferença para inúmeras organizações (e nós sabemos o quanto, hein!).


Exemplo:


Para se ter
ideia, até a data de publicação deste texto, o Movimento Arredondar, parceiro do Portal do Impacto e da Phomenta, já tinha captado mais de 7,9 milhões de reais, beneficiando diretamente mais de 60 organizações ao redor do Brasil. 


Leia aqui os 4 passos para criar sua ação de arredondamento.


Esse tipo de ação, que tem se popularizado muito no Brasil, pode ser efetivada em lojas físicas e virtuais e utiliza meios de pagamento como dinheiro, cartão de crédito, PIX ou a velha caixinha de moedas.

 Tenho uma amiga que trabalha na área de marketing de uma rede de supermercados no Nordeste, e uma vez lhe pedi que me explicasse como funciona sua iniciativa de arredondamento. Ela disse que é algo que envolve os times de marketing, tecnologia, financeiro e recursos humanos e que, quanto maior o supermercado, mais complexa tende a ser a integração de sistemas, por exemplo. Daí, me recomendou começar com redes menores, nas quais o processo decisório é menos burocrático e mais rápido e também pode existir menos “concorrência” de OSCs/causas. Ela ainda mencionou que é imprescindível que a empresa dedique recursos para o treinamento das pessoas que atendem no caixa, pois elas são o principal elo com os consumidores, pessoas que desejamos “converter” em doadores.


O Arredondar tem um cadastro para ONGs que desejam fazer parte do movimento. Na página, eles indicam que as ONGs busquem parceiros na região onde têm atuação. Também deixam claro que podem apoiar as ONGs em reuniões com empresas, apresentando como funciona o arredondamento e tirando quaisquer dúvidas. Parece-me uma boa parceria!


Mais: prepare-se para abordar empresas na sua região!



PRODUTOS SOCIAIS


 
Geralmente, os produtos sociais são produtos licenciados de marcas ou personagens famosos. 


 
A Associação Brasileira de Licenciamento (Abral) define o licenciamento como a “concessão de uma marca ou personagem protegida por direitos autorais (conhecida como propriedade intelectual – PI) para exploração comercial em um produto, serviço ou promoção”.


 
A exemplo, a Associação Brasileira de Linfoma e Leucemia (Abrale) tem a camiseta Projeto Dodói, em parceria com o Instituto Maurício de Souza (Turma da Mônica).



Loja Abrale

 A Ambev tem a água AMA, que reverte 100% do lucro de suas vendas para projetos sociais. A proposta é levar água para quem não tem. Segundo o site da iniciativa, mais de 7 milhões de reais já foram arrecadados e 76 projetos foram apoiados.


Desde 2015, a Doritos apoia a comunidade LGBTQIA+ por meio da campanha “Doritos Rainbow”. 


 Ano passado, o Guaraná Antártica apoiou o movimento #PresaNos80, criado para dar visibilidade e reforçar a importância do investimento no futebol feminino. A campanha resgatou um dos primeiros rótulos do refrigerante, e toda a renda gerada com uma edição especial do produto foi revertida para a ONG Meninas em Campo, que trabalha pelo desenvolvimento feminino no futebol.


Legal, né?! Há muitos exemplos que podem nos inspirar a criar uma campanha de produto social. E não é tão distante quanto você pode pensar, mas envolve RELACIONAMENTO.


Como falei no texto Pirâmide da captação de recursos, esta é uma montanha que precisamos escalar.


Ainda não liderei uma ação que envolvesse produto social, mas já trabalhei com licenciamento de marca quando tive uma agência de marketing esportivo. É um assunto que requer uma boa assessoria jurídica. No entanto, é algo que estou perto de conseguir para a minha ONG. Se der certo, conto a você como fiz. Prometo!


MATCHFUNDING


Matchfunding é uma variação do financiamento coletivo, no qual uma pessoa doa para uma ONG ou causa e ganha uma recompensa em troca. A diferença é que no matchfunding existe um parceiro comercial, quase sempre uma empresa, que dobra ou até triplica a doação.


matchfunding

Funciona assim:

  1. As pessoas doam;
  2. As empresas dobram ou triplicam o valor da doação;
  3. A ONG recebe a doação e envia a recompensa às pessoas que doaram.


Nesse modelo, mais uma vez, a gente encontra o tripé empresa, OSC e sociedade.


A Benfeitoria tem um matchfunding muito famoso, chamado Matchfunding Enfrente. A campanha conta com um Fundo Colaborativo Enfrente, composto pela Fundação Tide Setubal, Galo da Manhã, Fundação ARYMAX e Instituto Humanize. É muito bacana acompanhar e conhecer esse matchfunding, porque há um processo seletivo de projetos e porque é um modelo com grande poder de replicação local. As empresas estão sempre buscando formas inovadoras de apoiar ONGs e causas, e você pode se tornar a primeira pessoa a apresentar uma ideia do tipo para determinada companhia.


Até pouco tempo, o Catarse vinha selecionando campanhas ativistas sobre mudanças climáticas e garantindo 30% da meta de arrecadação (ver o Matchfunding ativismo socioambiental).


A título de curiosidade, o Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDS) realiza, desde 2019, o Matchfunding BNDES+, programa inovador de financiamento a projetos culturais. O projeto é o primeiro do setor público a adotar um modelo de financiamento combinado, unindo o aporte direto do BNDES ao financiamento coletivo (crowdfunding).


Saiba mais: Empresas multiplicam doações para o terceiro setor com campanhas de matchfunding.


* * *


Ufa! Esse foi mais um texto longo e cheio de referências para você se aprofundar em cada assunto. 


Resolvi escrever dessa forma porque acredito muito no poder da informação para melhorar a realidade das nossas organizações. Espero você na terceira e última parte!


Curtiu este conteúdo? Compartilhe-o com um colega do terceiro setor!



Observação: aqui no Portal do Impacto, sempre usamos ONGs e OSCs como sinônimos.



Revisão: Flávia D'Angelo (Phomenta).


Daiany França

Daiany França Saldanha é responsável pelo editorial do Portal do Impacto.


Inscreva-se na nossa Newsletter

Últimas publicações

Por Pollyana Bonvecchi 27 de março de 2025
Recentemente, montei uma estrutura para conduzir um processo seletivo de voluntárias aqui na Phomenta. Algumas pessoas me perguntaram por que eu estava desenvolvendo etapas que deixariam o processo mais complexo e se eu não tinha receio de que as pessoas desistissem devido à complexidade. Vou compartilhar o que respondi, explicar a importância dessa estrutura e como conseguimos atrair e manter perto de nós as pessoas que realmente querem contribuir. Por que desenhar um processo seletivo estruturado para voluntárias? Desenhar um processo seletivo com etapas claras e bem definidas é essencial para assegurar que as candidatas se comprometam verdadeiramente com cada fase e reflitam se o voluntariado faz sentido para elas. Esse tipo de processo não é apenas uma forma de selecionar os melhores talentos, mas também de verificar se aquelas que se juntam a nós compartilham dos nossos valores e estão alinhadas com o nosso propósito. Um processo seletivo mais detalhado permite identificar quem está realmente disposta a se envolver e quem está apenas explorando uma oportunidade. Divulgação da vaga Para começar, definimos claramente os papéis e responsabilidades, além do tempo de dedicação esperado para as voluntárias. Tudo isso foi explicitado na divulgação da vaga, para que, desde o início, as expectativas estivessem claras para as interessadas. Primeira etapa - triagem de candidatas Após receber as inscrições, realizamos uma triagem criteriosa, avaliando as competências e habilidades das candidatas. Selecionamos aquelas que mais se alinhavam com o perfil que buscávamos e enviamos um e-mail informando sobre as próximas etapas do processo. Segunda etapa - entrega e dinâmica de grupo Nesta etapa, solicitamos uma tarefa prática e informamos que haveria uma dinâmica em grupo. Esse momento foi crucial para observar o comprometimento das candidatas e, como esperado, algumas pessoas desistiram. Isso, no entanto, deixou apenas aquelas que estavam realmente interessadas em seguir adiante e que tinham um verdadeiro desejo de contribuir. Terceira etapa - Seleção final Com base nas etapas anteriores, escolhemos as candidatas que melhor atenderam aos critérios e que demonstraram maior afinidade com a cultura da Phomenta. Em seguida, comunicamos as selecionadas e agendamos da integração para integrar aquelas que iriam começar conosco. Integração A integração na Phomenta é muito mais do que uma simples introdução. É o momento propositivo para apresentarmos o propósito da nossa organização e garantir que todas estejam na mesma sintonia, super motivadas a alcançar os nossos objetivos. Quando nossas voluntárias entendem o impacto social que o seu trabalho pode gerar, o engajamento cresce e o compromisso fica mais forte. Assim como toda nova integrante de um time, as voluntárias precisam mergulhar na nossa cultura organizacional. A integração é uma oportunidade para elas se familiarizarem com características fundamentais da nossa cultura dentro da Phomenta: como nos comunicamos, como trabalhamos, e quais comportamentos valorizamos. Isso facilita a adaptação e ajuda as voluntárias a se sentirem parte do nosso grupo desde o primeiro dia! Durante a integração, é essencial esclarecer o que esperamos de cada uma, desde funções e responsabilidades específicas até o impacto que seu trabalho terá. Essa clareza evita confusões e permite que as voluntárias saibam exatamente como podem brilhar e fazer a diferença. Uma integração bem-planejada faz toda a diferença! Ela aumenta o comprometimento das voluntárias e ajuda a reduzir a rotatividade. Quando elas se sentem acolhidas, bem-informadas e preparadas, é muito provável que continuem engajadas e contribuam com a gente por um bom tempo. Além disso, a integração é a chance perfeita para construir conexões genuínas entre voluntárias e phomenters. Ela cria aquele sentimento gostoso de comunidade e pertencimento, que é essencial para manter a motivação em alta. E tem mais: durante a integração, incentivamos as voluntárias a darem seu feedback sobre a experiência. Isso nos ajuda a fazer ajustes e melhorias, garantindo que todas se sintam apoiadas e que nossa abordagem esteja sempre alinhada com as expectativas. A seguir alguns comentários sobre o processo:
Por Pamela Lima 20 de março de 2025
Você sabia que o marketing no ambiente digital (ou marketing digital como popularmente ficou conhecido) é uma ferramenta importante para divulgação de serviços, produtos e, também, para a promoção do impacto social? Isso mesmo que você leu! Organizações do Terceiro Setor que investem em uma comunicação eficaz conseguem ampliar a visibilidade de suas ações e engajar o território em suas causas. Deixe a gente explicar melhor. Neste artigo queremos apresentar algumas estratégias práticas e exercícios para auxiliar ONGs, coletivos e projetos sociais na criação de conteúdos assertivos, utilizando algumas práticas de produção de conteúdo, visando garantir maior alcance do público nas mídias sociais. Por que o marketing digital para causas? – Comece pelo porquê Compreender o “porquê” por trás da causa é o primeiro passo para uma comunicação eficiente. Para as organizações do Terceiro Setor, transmitir claramente seus valores e objetivos fortalece a identificação do público com a causa de atuação e gera confiança. Então, vamos ao exercício de reflexão Pergunta: "qual é o propósito principal da nossa organização e como podemos transmiti-lo de forma clara?" Atividade: reúna a equipe para listar os valores e objetivos essenciais de sua causa e definição, em uma frase simples, o “porquê” de sua organização existir. Exemplo prático para uma ONG na área da saúde: Possível resposta: "Nosso propósito é garantir acesso a serviços de saúde de qualidade, promovendo a prevenção e o cuidado contínuo." Forma de transmissão: crie uma frase curta e de efeito, como: "Cuidamos da saúde para transformar vidas”. Sugestões de conteúdos e formatos para o Instagram: Posts no Feed Imagens informativas: use gráficos ou ilustrações que destaquem dados importantes sobre a necessidade de acesso à saúde no território. Exemplo: infográficos com estatísticas sobre a falta de atendimento médico em regiões vulneráveis. Depoimentos de beneficiários: publique fotos e relatos de pessoas que receberam atendimento ou tiveram suas vidas transformadas pelo trabalho da ONG. Exemplo: "Conheça a história da Maria, que encontrou saúde e qualidade de vida através de nossas campanhas contra a hipertensão." Segundo estudos na área, a comunicação dos valores fortalece o engajamento e potencializa o impacto social das iniciativas (ACEVEDO et al. 2020). Como o marketing digital impulsiona a divulgação das ações sociais da sua ONG? Bom, não existe uma resposta certa, mas um primeiro passo importante é “inspirar para transformar”. A presença nas redes sociais permite que as ONGs contem suas histórias de maneira autêntica e humanizada. O uso de conteúdos visuais, vídeos e depoimentos reais torna a mensagem mais próxima e tem o potencial de criar uma conexão genuína com o leitor. Perguntas práticas que podemos fazer para começar a produção de conteúdo: "Que histórias reais podemos contar para demonstrar nossa atuação e os benefícios gerados?" "Como podemos incluir depoimentos dos beneficiários para criar uma conexão emocional?" Exemplo prático para uma ONG na área da saúde: Possível resposta 1: "Podemos contar a história de crianças que, após participarem de nossos programas de educação, demonstram maior interesse pelos estudos e melhor desempenho escolar”. Possível resposta 2: "Podemos incluir depoimentos de pais e educadores que evidenciem a importância dos nossos programas na formação das crianças e na promoção de um ambiente de aprendizado mais inclusivo”. Possibilidade de Post no feed: use imagens que mostrem as crianças em atividades educativas, com legendas que explicam os benefícios dos projetos. Exemplo: uma imagem de uma sala de aula interativa com a legenda: "Descubra como nossas atividades lúdicas despertam o amor pelo aprendizado e transformam o futuro dos pequenos." Essa abordagem, fundamentada na transparência, potencializa a mobilização de seguidores e contribui para a ampliação do alcance das ações (GALLEGO; GALINDO, 2007). O que se espera do marketing digital na divulgação de ações de impacto? É importante sabermos que quando falamos sobre marketing digital e, principalmente, de redes sociais, que o que gera conexão sempre será um bom caminho. E, é preciso lembrar que uma boa estratégia digital é medida pela capacidade de transformar visualizações em engajamento efetivo. Para tanto, é fundamental criar conteúdos que falem diretamente ao público-alvo, evitando jargões e termos técnicos que possam dificultar a compreensão. Mas, afinal, como saber o interesse do público da organização? Exercício de Planejamento de Conteúdo Pergunta: "Quais dúvidas e interesses do nosso público podemos responder em nossos conteúdos?" Atividade: realizar uma pesquisa interna ou consultar as redes sociais para identificar as principais perguntas dos seguidores e, em seguida, criar conteúdos sobre temas relevantes e acessíveis. Exemplo para uma ONG Ambiental: Possíveis resposta em relação às dúvidas: "Como a poluição afeta a biodiversidade local?" "Quais são as melhores práticas de reciclagem para reduzir o impacto ambiental?" "Como posso contribuir para a preservação das matas e florestas em meu território?" O que pode ser relevante a partir da resposta: Dicas práticas para reduzir o consumo de plástico. Informações sobre projetos locais de reflorestamento. Estudos de caso que mostram o impacto positivo de ações de conservação. Sugestões de conteúdos e formatos para Instagram: Posts no feed: crie gráficos simples que explicam, por exemplo, como a reciclagem contribui para a diminuição da poluição e a preservação dos recursos naturais. Estudos indicam que uma linguagem simples e direta amplia o alcance e facilita o engajamento, transformando a comunicação em uma ferramenta de mobilização (SILVA et al., 2017). Exercícios e perguntas adicionais para a produção de conteúdo Para aprofundar a estratégia de comunicação, as ONGs podem utilizar os seguintes questionamentos: Identificação da causa "Quais desafios nossa causa enfrenta e como nossas ações podem contribuir para superá-los?" Engajamento do público "Qual formato de conteúdo (texto, imagem, vídeo) gera mais interação com nosso público?" Resultados e impacto "Como podemos medir o sucesso de nossas campanhas? Quais indicadores refletem o engajamento e a mobilização da comunidade nas redes?" Autenticidade da comunicação "Estamos comunicando nossa mensagem de maneira clara e verdadeira? Como podemos simplificar ainda mais nosso discurso?" A realização de sessões de brainstorming e feedback com a equipe contribui para responder essas questões e aprimorar a estratégia de comunicação. Conclusão: conectando causas e pessoas com marketing digital O marketing digital, quando bem aplicado, tem um potencial muito grande de transformar a divulgação das ações de ONGs nas redes sociais. Essa transformação pode ter objetivos diversos para a organização, como atrair novos doadores, demonstrar ao território a ação ou ganhar mais espaço e reconhecimento pelo trabalho realizado. A combinação de uma comunicação clara, conteúdos de interesse do público e estratégias que conectam gera um ambiente favorável para o engajamento e a mobilização social. E tem pergunta adicional logo abaixo: Pergunta final para reflexão "De que forma nossa comunicação pode evoluir para inspirar e engajar ainda mais pessoas com a nossa causa?" Como vimos, o alinhamento entre estratégia digital para redes sociais e missão social é crucial para a promoção de imagem, engajamento e divulgação de causas em ações de impacto. Referências: As referências que você verá a seguir serviram de inspiração para a criação do conteúdo, e não para a transcrição literal de citações. Ou seja, o texto foi elaborado com base no contexto geral e nas ideias presentes nos artigos, mas não são citações diretas, transcritas na íntegra: SILVA, Vanessa Oliveira da; ALBINO, Andréia Aparecida; DUQUE, Luciano Polisseni; CALDEIRA, Tharcisio Alexandrino. Análise da literatura publicada no Brasil sobre marketing social e marketing de causas sociais. Revista Acadêmica de Administração , v. 10, n. 155-165, 2017. Disponível em:<[ https://www.viannasapiens.com.br/revista/article/view/97/83 ]>. Acesso em: 30 jan. 2025. GALLEGO, Angélica Helena Santini Montes; GALINDO, Daniel dos Santos. Criança Esperança: exemplo do marketing de causas sociais, articulado pelas relações públicas. In: V CONGRESSO NACIONAL DE HISTÓRIA DA MÍDIA, 2007, São Paulo. Anais... São Paulo: Intercom – Sociedade Brasileira de Estudos Interdisciplinares da Comunicação, 2007. Disponível em: <[ http://www.intercom.org.br/papers/outros/hmidia2007/resumos/R0193-1.pdf] >. Acesso em: 30 jan. 2025. ACEVEDO, Claudia Rosa; OLIVEIRA, Leonardo Domingues de; SILVA, Rafael Mendes; CATÃO, Bruno Alves. Percepção de consumidores sobre ações de marketing de causa de empresas privadas . South American Development Society Journal , São Paulo, v. 6, n. 17, p. 40-58, 2020. Disponível em: https://www.sadsj.org/index.php/revista/article/view/300 . Acesso em: 3 fev. 2025.
Por Rodrigo Cavalcante 13 de março de 2025
Este é o último artigo da série “Decisões no Terceiro Setor”. Após discutir sobre as decisões no Terceiro Setor e apresentar um modelo para estruturar as decisões, chegou a hora de apresentar diferentes modelos para a etapa de decisão.
Por Rodrigo Cavalcante 6 de março de 2025
No artigo anterior , discuti sobre algumas das características que diferenciam o Terceiro Setor, além de decisões difíceis que toda liderança de uma ONG enfrenta em sua rotina. E, seguindo a sequência de conteúdos, aaixo compartilharei sobre as etapas de uma decisão com base na literatura do tema. Na liderança de uma organização e na correria do dia a dia, um dos maiores erros que podemos cometer é não estruturar as informações para tomar uma decisão difícil ou importante. O cansaço e/ou a falta de tempo acabam nos levando para um caminho de escolher uma opção pela intuição ou a que soa mais razoável, sem de fato entender nosso verdadeiro objetivo ou explorar e esgotar todas as alternativas possíveis. Uma coisa que aprendi liderando equipes, áreas e uma organização é que nem toda decisão precisa ser tomada no momento em que uma decisão é demandada de você ou de um grupo do qual você faz parte. Com exceção de emergências, quando cada segundo é valioso, podemos pedir mais tempo para refletir melhor sobre as opções levantadas, conversar com outras pessoas e pensar em novas opções. As etapas da tomada e decisão John Hammond, Ralph Keeney e Howard Raiffa apresentam em seu livro “Decisões Inteligentes” um modelo formado por cinco etapas: Problema Qual problema estamos tentando resolver? Muitas vezes partimos para a solução sem delimitar o problema que buscamos solucionar. Objetivo Qual o objetivo principal ao se tomar essa decisão? Alternativas Criação de alternativas viáveis para avaliação posterior Consequências Quais as consequências de cada alternativa? Ao escolher uma alternativa, o que ela gera além de tentar resolver o problema? Concessões (tradeoffs) Dificilmente uma alternativa atenderá todos os objetivos e resolverá completamente um problema difícil e complexo. Ao escolher uma alternativa, do que estou abrindo mão? Decisão Após avaliar e comparar as alternativas, chegou a hora de decidir. Estruturar a decisão seguindo as etapas com certeza ajudará a refletir para uma decisão mais consciente e melhor. Porém, isso não significa um resultado melhor. Aprendemos na prática em nossa vivência nas organizações que não é possível controlar todos os resultados após a tomada de uma decisão. Ou seja, diversos fatores externos influenciarão no resultado final (fenômeno este muito presente na avaliação de impacto, na qual se discute como isolar os fatores externos), seja porque a equipe não executou como o planejado ou porque alguma nova informação (que surgiu após a decisão) evidenciou que a alternativa escolhida não era a melhor. “Uma boa decisão pode gerar um resultado negativo, assim como uma má decisão pode gerar um resultado considerado negativo” Afinal de contas, o que é uma boa decisão? Para Spetzler, Winter e Meyer, uma boa decisão deve atender a seis critérios: Abordagem apropriada para o problema - responde à pergunta ‘o que desejamos resolver?’. Alternativas criativas - o famoso pensar “fora da caixa”. Às vezes, estamos presos nas opções iniciais disponíveis, quando há uma alternativa melhor que ainda não emergiu. Informações relevantes e confiáveis - as informações coletadas apoiam na tomada de decisão e os dados e indicadores utilizados são confiáveis. Raciocínio lógico - é possível demonstrar a lógica da decisão na escolha da alternativa. Valores e concessões delimitados - os valores que embasam a decisão são explícitos e há consciência do que se está abrindo mão ao escolher uma alternativa em detrimento da(s) outra(s). Compromisso com a ação - a decisão direciona para um caminho. Sem ação, não há resultado na maioria das vezes (como quase tudo tem exceção, em algumas decisões há a alternativa de não fazer nada). Portanto, sabendo que não conseguimos controlar 100% dos resultados, nosso foco deve ser em estruturar melhor a decisão para, a partir das informações disponíveis, escolhermos a melhor alternativa. Quando for avaliar uma decisão meses ou anos depois, lembre-se, foi a melhor decisão com as informações disponíveis naquele momento. Não adianta avaliar uma decisão como ruim considerando informações coletadas posteriormente. No próximo artigo e último da série “Decisões no Terceiro Setor” apresentarei alguns modelos de decisão, explorando os contextos em que cada modelo faz mais sentido. Enquanto isso faça a pré-inscrição da sua organização em nosso programas, clicando no link a seguir: https://www.phomenta.com.br/programas-ongs-pre-inscricao Fontes: Decision Quality: Value Creation from Better Business Decisions Smart Choices
Por Rodrigo Cavalcante 24 de fevereiro de 2025
Descubra como as ONGs tomam decisões equilibrando impacto social, sustentabilidade e interesses diversos no Terceiro Setor.
Por Sara Dias 17 de fevereiro de 2025
Como o tema de saúde mental tem ressoado em sua organização social? 
mostrar mais

Participe do nosso grupo no WhatsApp para receber nossos conteúdos em primeira mão

Entrar para o grupo
Share by: