Na transição de uma governança tradicional para um modelo inovador, surgem dúvidas sobre como avaliar e desenvolver profissionalmente as pessoas. Como profissional de Recursos Humanos, lembro-me de me sentir perdida após ler o livro "Reinventando as Organizações", de Frederic Laloux. Na faculdade e em cursos preparatórios, somos condicionados a seguir receitas prontas e a buscar benchmarking para implementação em nossas organizações. No entanto, nem todas as soluções são adequadas para todos os contextos. Compreendi isso após a leitura e com experimentações no contexto da Phomenta - desbloqueando e inventando novas práticas que funcionam no nosso meio.
Laloux aborda novas formas de governança que vão além dos modelos tradicionais. Ele apresenta exemplos de empresas reais que adotaram os seguintes princípios:
autogestão, a partir da qual estruturas sem hierarquia tradicional permitem que equipes tomem decisões de forma colaborativa;
plenitude, que cultiva um ambiente onde os funcionários podem ser autênticos e expressar todas as suas dimensões; e
propósito evolutivo, em que as organizações se adaptam continuamente e são guiadas por um propósito maior. Laloux demonstra como esses novos paradigmas podem ser eficazes na criação de organizações mais adaptáveis, inovadoras e humanas.
Hacking Cultural usando para elaboração de uma avaliação de competência
Um conceito bem interessante que foi crucial para avaliar o cenário em que eu estava e elaborar experimentos, que fizessem sentido para as pessoas envolvidas. O hacking cultural envolve adaptar e modificar o funcionamento das organizações de forma criativa e improvisada, semelhante ao que hackers fazem com sistemas computacionais. Coloquei em prática realizando 1:1 com todas as pessoas da organização, perguntando sobre seus sonhos e dores em relação à avaliação de competências e ao clima organizacional. As perguntas foram elaboradas de forma leve para capturar a essência do que seria interessante para o experimento futuro que eu desejava realizar. Após as entrevistas, consegui delinear alguns planos de ação.
fonte:
https://targetteal.com/pt/blog/culture-hacking/
Ferramentas Personalizadas
Acredito que o desenvolvimento de uma ferramenta personalizada para a avaliação de competências é essencial. Sinto-me privilegiada por criar e aplicar soluções personalizadas para os Phomenters. A seguir, os passos que realizei para a elaboração da ferramenta:
Definição de Competências: identificamos as competências essenciais para o sucesso na Phomenta, considerando tanto os clientes externos quanto os internos, com base nos nossos valores e cultura organizacional.
Avaliação: desenvolvemos uma ferramenta de avaliação personalizada, permitindo que os Phomenters realizem uma autoavaliação e selecionem duas pessoas para continuar o processo de avaliação, incluindo a liderança e uma convidada pela pessoa avaliada.
Feedback contínuo: implementamos rodadas de feedback contínuo, incentivando a comunicação aberta e a troca de ideias entre os membros da equipe. Esse processo ajuda a identificar áreas de melhoria e a celebrar os sucessos. A pessoa escolhida pelo avaliado oferece um presente, caso o avaliado queira se aprofundar em algum conhecimento específico, seguindo o aconselhamento para desenvolver os pontos de melhoria abordados.
Cultura de aprendizado:
promovemos uma cultura de aprendizado constante, onde os Phomenters são incentivados a buscar desenvolvimento pessoal e profissional, oferecendo recursos e suporte para que todos alcancem seu potencial máximo.
Condução de feedback
Além dos passos para elaborar uma ferramenta e uma cultura de feedback, o cuidado com a condução dessas conversas é essencial. Disponibilizamos instruções claras sobre o que é feedback, suas categorias e como conduzi-lo de forma eficaz. Adotamos duas categorias de feedback:
retorno positivo, que reconhece um desempenho bem-sucedido, e
alinhamento/construtivo, que oferece sugestões de melhoria e identifica áreas a serem ajustadas.
Para conduzir um feedback, escolhemos uma competência a ser avaliada, utilizando um formulário com as competências definidas. Fatos, sentimentos e percepções são trazidos à conversa, e uma palavra norteadora ajuda a contextualizar e a abordar a competência de maneira clara. Se necessário, uma pessoa pode ser convidada para ajudar atuando como facilitadora. O feedback é oferecido com amor e sinceridade, e técnicas como espelhamento (repetir o que ouviu para checar o entendimento do que foi dito) ajudam a garantir que as mensagens sejam compreendidas.
Autonomia na carreira
Acreditamos na importância da autonomia, permitindo que cada Phomenter seja responsável por sua carreira. Ser responsável pela própria carreira é fundamental porque capacita cada indivíduo a tomar controle de seu desenvolvimento profissional, certificando que suas ações e escolhas estejam alinhadas com seus objetivos e valores pessoais. O feedback é uma oportunidade para autorreflexão, desenvolvimento de competências e alinhamento com a Phomenta. Valorizamos a autorresponsabilização, colaboração e respeito mútuo, com um processo aberto e transparente focado em conhecimento.
Quando começamos a estudar sobre autogestão como governança, aprendemos que somos responsáveis por resolver nossas demandas a partir de cada papel que desempenhamos. Da mesma forma, entendemos que somos responsáveis por nosso desenvolvimento e aprendizagem na organização. Por isso, oferecemos ferramentas e damos liberdade para que cada indivíduo possa se desenvolver naquilo que faz sentido para si. Essa abordagem não só promove crescimento profissional, mas também incentiva um ambiente de trabalho mais engajado e proativo, onde cada membro da equipe sente-se valorizado e motivado a contribuir para o sucesso coletivo.
Conclusão
A transição para um modelo de governança inovador apresenta desafios, mas também oferece oportunidades para criar soluções personalizadas que atendam às necessidades específicas da nossa organização. Acreditamos estar no caminho certo e, juntos, continuaremos a crescer e evoluir. Além da governança que adotamos, creio que o raciocínio e a forma como construímos nossas ferramentas podem beneficiar também organizações tradicionais. Nesse sentido, a autonomia na carreira é importante para o desenvolvimento de pessoas que almejam sua transformação, o que, por sua vez, impacta positivamente a organização, trazendo mais inovação para o negócio.
Se você ficou interessado em saber mais e gostaria de acessar nossas ferramentas, entre em contato em
pollyana.bonvecchi@phomenta.com.br.