Sara Dias é Prof.ª Mestra em Artes da Cena pela UNICAMP e Instrutora de Yoga, atua como educadora social desde 2006 e atualmente desenvolve projetos relacionados ao bem-estar no terceiro setor.
Contato: saradias.ds@gmail.com
Este conteúdo foi produzido por
Sara Dias
Defendo a ideia de que uma ONG deve ser um bom lugar para se trabalhar. Um ambiente onde mais do que ações externas, em favor da “causa” transformadora, seja reconhecida por seus colaboradores, voluntários e parceiros como um espaço acolhedor, agradável, ético e motivador.
E então, você pode estar pensando: “Mas Sara, isso é óbvio! ONGs são espaços cheios de amor, acolhimento e cooperação.
E eu te respondo: São mesmo! Mas nem sempre todo esse sentimento é revertido em práticas que, intencionalmente, proporcionam um ambiente saudável e ideal para se desenvolver uma vida profissional.
Um bom sinal disso é que nestes 17 anos trabalhando em organizações sociais, como educadora social, nunca me deparei com a expressão “clima organizacional”. Também nunca respondi a uma pesquisa que estuda este aspecto na instituição, no máximo, escrevi algumas autoavaliações anuais.
Clima organizacional se refere à qualidade do ambiente de uma organização. É a percepção que seus colaboradores têm de vários aspectos presentes na “atmosfera psicológica” do espaço de trabalho, que influenciam seu comportamento, satisfação e sensação de bem - estar.
De acordo com Larissa Paula Martins, em sua dissertação de mestrado intitulada “A influência do Clima Organizacional em profissionais de uma ONG do setor de saúde”, embora o clima organizacional seja um conceito abstrato, ele se manifesta e é passível de observação através de indicadores característicos como, por exemplo, índice de rotatividade, avaliação de desempenho, conflitos interpessoais, entre outros.
Além da observação, uma outra maneira de identificar o nível de satisfação e engajamento dos colaboradores é a Pesquisa de Clima Organizacional. Ela pode ser realizada por meio de um questionário físico ou virtual, com a opção de ser de forma anônima, onde suas perguntas irão abordar temas como: ambiente físico, trabalho em equipe, relacionamento com a liderança, comunicação interna, política de remuneração e benefícios, diversidade, respeito e etc.
Seu principal objetivo é identificar os pensamentos e sentimentos de quem trabalha na organização a respeito da qualidade do ambiente laboral. Com isso, será possível identificar pontos de melhoria a serem realizados pela gestão da organização para proporcionar um ambiente de trabalho saudável e agradável.
Agora, minha questão é: Qual a porcentagem de ONGs que têm se preocupado com a qualidade de seu clima organizacional?
Natália González, em um dos seus cursos para a Plataforma Social.Lab chamado “Colaboradores como embaixadores da causa: Como engajar?”, chama a atenção para esse olhar atento e cuidadoso que a gestão das organizações precisa ter para quem trabalha pela causa, lembrando que o principal ativo das instituições são as pessoas. Natália, em um trecho de seu curso, explica:
“... quando a gente se sente em um espaço seguro, em um espaço onde eu sou ouvida, onde minha opinião tem relevância, onde as pessoas compreendem no que eu posso contribuir, este é um ambiente muito mais colaborativo e também um ambiente muito mais propício à inovação”.
Certificações em qualidade do ambiente organizacional
Em um dos meus primeiros textos para o Portal do Impacto, apresentei um exemplo de certificação chamado GPTW (Great Place To Work - Excelente Lugar para se trabalhar) que reconhece, por meio de selo de qualidade, lugares que foram apontados pelos seus colaboradores como Excelentes. A questão neste artigo não é necessariamente receber este selo específico ou não, mas sim, os critérios que são levados em consideração em seu processo avaliativo, como: credibilidade, respeito, imparcialidade, orgulho e camaradagem.
Link:
https://www.portaldoimpacto.com/a-sua-ong-e-um-excelente-lugar-para-se-trabalhar
O selo do GPTW tem passado por algumas polêmicas e até caído em descrédito por conta do envolvimento em situações trabalhistas controversas, porém, a intenção de validar a opinião de quem trabalha na instituição é muito válida.
Seja por meio de Pesquisa de Clima Organizacional ou de qualquer certificação de boas práticas, o importante é que haja um investimento na qualidade das relações e do ambiente em que se trabalha, com devolutivas efetivas como resposta aos resultados deste mapeamento de opiniões. Se processos de escuta forem abertos, mas nenhuma ação de melhoria for desencadeada, esse tipo de ferramenta pode cair em descrédito.
Se bem planejadas e conduzidas com real interesse, essas metodologias podem gerar melhorias na comunicação interna; na resolução de conflitos; na motivação e performance dos colaboradores; no desejo de permanência na organização; e, como mencionado por Natália González, em uma satisfação que pode levar a pessoa a ser uma embaixadora e comunicadora da causa.
Sara Dias é Prof.ª Mestra em Artes da Cena pela UNICAMP e Instrutora de Yoga, atua como educadora social desde 2006 e atualmente desenvolve projetos relacionados ao bem-estar no terceiro setor.
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