Esse é o foco das microdoações: pequenos valores doados de forma consistente e de amplo alcance por um grande número de pessoas, que no montante gera um valor considerável de fundo livre para a organização. O foco dessa estratégia é não somente alavancar a renda das ONGs, uma vez que o recurso obtido pode ser baixo, mas também tem o propósito de impactar positivamente a organização e os parceiros dessa iniciativa em outros aspectos – como a visibilidade da causa para um público maior¹, o fortalecimento da marca e presença no mercado das empresas parceiras, a possibilidade de captar novos doadores por meio da divulgação das campanhas ativas², o aumento do poder de fidelização de clientes e doadores, a diminuição da dificuldade de passar pequenos trocos, dentre outras possibilidades.
Uma iniciativa exemplar é o Movimento Arredondar, parceiro do
Portal do Impacto, que trabalha com a perspectiva das microdoações desde 2011. Nesse período, 58 ONGs foram apoiadas por meio dos recursos arrecadados, 29 milhões de microdoações foram mobilizadas e 2,25 milhões de pessoas foram impactadas. Só em 2019, realizaram-se cerca de 15 doações por minuto. A ideia é fortalecer a cultura de doação, facilitar o processo para o doador, engajar a marca dos parceiros e contribuir para o impacto positivo das atividades desenvolvidas pelas organizações beneficiadas pelo projeto.
“Bacana, gostei dessa estratégia, mas como faço para colocá-la em prática?”
Há alguns passos essenciais para que essa estratégia funcione corretamente e para que você consiga reverter boas doações e criar parcerias de alto valor. Vou listar o que não pode faltar de forma alguma, mas isso não reduz a necessidade de se atentar a outros pontos que porventura não estejam listados a seguir:
1. ESCOLHA DOS PARCEIROS
Não adianta você ter como parceiro qualquer loja ou empresa que não tenha interesse na causa, que não abrace a ideia e que não tenha o compromisso de promover a ação de forma conjunta. Então, é importante prestar atenção a alguns pontos ao fechar uma parceria, tais como:
- O engajamento dos colaboradores da empresa (eles estarão em contato direto com o doador e serão fatores decisivos no ato de doar)³;
- O bom relacionamento da loja com os clientes (acredito que você não queira vincular sua organização a uma empresa que não trata bem o cliente, certo?);
- A responsabilidade que a empresa terá na divulgação (explicação da ação realizada, da campanha e da atividade da ONG para os clientes).
2. DEFINIÇÃO DO MEIO DE ARRECADAÇÃO DA DOAÇÃO
É primordial definir as formas de recolhimento das doações. Há diversas possibilidades: a captação informatizada, por meio de um
software,
instalado pela empresa, que contabiliza os trocos doados, facilitando até mesmo a conferência do valor doado no ato do repasse; ou a arrecadação à moda antiga, por meio da conhecida “caixinha sapato” – que, no caso, pode ser um cofre bem elaborado, criativo e desenhado para chamar a atenção do doador. É interessante que a caixinha passe para o cliente a mensagem da causa pela qual a organização trabalha.
3. ALINHAMENTO E TREINAMENTO DE COLABORADORES
Não basta apenas escolher os melhores parceiros e a melhor forma de se receber a doação. É necessário, também, capacitar e alinhar os colaboradores (tanto das empresas parceiras como da própria organização) quanto ao funcionamento da campanha. Os funcionários devem compreender-se como multiplicadores da causa, para que consigam encorajar de forma simples e leve os clientes a fazerem suas microdoações.
4. TRANSPARÊNCIA E COMUNICAÇÃO
Não é só pelo dinheiro que devemos implementar essa estratégia, mas sim pela possibilidade de chegar em milhares de pessoas por meio dos parceiros. Esta é uma oportunidade para captar novos doadores – pontuais e recorrentes – para sua organização. Para isso, precisamos ter um plano de comunicação de impacto claro, transparente e objetivo que demonstre como aquele recurso é aplicado e, principalmente, quais benefícios têm sido gerados.
Criar formas de reconhecer esses doadores também é uma maneira de se comunicar com eles. Podem ser desenhadas, por exemplo, algumas estratégias de envio de boletins informativos àqueles que desejam cadastrar-se e acompanhar a organização (importante que o e-mail para contato da organização seja divulgado). É fundamental que as mídias digitais estejam alinhadas a essa estratégia de captação de recursos, pois elas podem influenciar os seguidores da organização a doarem para a causa.
Em resumo, o planejamento da microdoação4 deve ser pensado para que a captação seja ampla, rápida, fácil, eficiente, transparente, de preferência informatizada e capaz de divulgar fortemente o impacto da ação. Siga essas dicas, converse com sua equipe e mãos à obra!
Referências para consulta:
1.
Micro doações: o que são?
2.
Troco Solidário: centavos que fazem a diferença.
3.
Artigo Microdoações, Macrorresultados. Tânia Veludo de Oliveira, Edgard Barki e Felipe Zambaldi.
4.
Microdoações: Estratégia De Captação De Recursos Para Organizações.
Este conteúdo foi produzido por
Pedro Sá