Daiany França Saldanha, Cearense inquieta, empreendedora por natureza, professora por formação, ongueira por vocação, pesquisadora em construção e responsável pelo editorial do Portal do Impacto.
Neste texto, apontaremos, de maneira resumida, caminhos para que as ONGs possam se tornar espaços mais acolhedores aos seus trabalhadores, a fim de evitar sofrimentos psíquicos e adoecimentos por conta do racismo e da LGBTfobia.
Como já devemos saber, racismo é crime inafiançável e imprescritível, previsto na Lei nº 7.716/1989, baseado na ideia da existência de superioridade de raça, manifestações de ódio, aversão e discriminação que difundem segregação, coação, agressão, intimidação, difamação ou exposição de pessoa ou grupo. De acordo com o Art. 1º da Lei, serão punidos os crimes resultantes de discriminação ou preconceito de raça, cor, etnia, religião ou procedência nacional. É importante não confundir racismo com injúria racial, este último previsto no artigo 140, parágrafo 3º, do Código Penal brasileiro. Em geral, o crime de injúria está associado ao uso de palavras depreciativas referentes à raça ou cor com a intenção de ofender a honra da vítima.
A LGBTfobia, por sua vez, expressão da nossa sociedade heteronormativa, foi reconhecida em 2019 como crime de racismo pelo Supremo Tribunal Federal. De acordo com o Sistema Único de Saúde (SUS), a cada uma hora uma pessoa é agredida devido à sua orientação sexual ou identidade de gênero. A vida de uma pessoa LGBTQIA+ no Brasil é marcada pela violação de seus direitos humanos e por inúmeras violências como psicológica, moral e física. Por essa e outras razões, todo mês de junho celebra-se o Orgulho LGBTQIA+, a fim de valorizar as conquistas da comunidade até aqui, mas também para lembrar que a LGBTfobia existe, mata e precisa ser combatida.
Já a saúde mental é um problema de saúde pública e deve ser discutida em todos os setores. Portanto, o terceiro setor não pode ficar de fora. As violências sofridas pelas pessoas LGBTQIA+, pessoas pretas e indígenas, por exemplo, afetam diretamente sua saúde mental, gerando estresse, ansiedade, quadros depressivos, ideação suicida e abuso de substâncias psicoativas. Nesse sentido, se as organizações não adotarem medidas antirracistas e contrárias à LGBTfobia, acabarão reproduzindo discriminações e opressões no ambiente de trabalho.
Lembramos que no
Portal do Impacto temos uma seção inteira para discutir o tema da saúde mental, veja:
Saúde Mental.
A partir desses entendimentos, apontamos a seguir cinco ações para ajudar a construir uma organização mais acolhedora e menos racista e LGBTfóbica:
1. A primeira ação que indicamos é compreender como o racismo e a LGBTfobia acontecem no Brasil. Não basta dizer coisas como “eu sou antirracista”, é preciso aprofundar-se nessas questões e entender, de fato, como elas se manifestam. Ou seja, não fique nos modismos e “telas pretas”, saia do raso.
2. Construa uma política de diversidade e inclusão para a sua organização: é indicado definir regras e compromissos que pautem a atuação das(os) trabalhadores da organização no combate a todas as formas de discriminação e preconceito. O documento da Fundação Tide Setubal - Política de Diversidade e Inclusão - pode ser utilizado como inspiração para iniciar esta construção.
3.
Construa uma cultura de confiança e segurança psicológica: uma opção é criar um canal de escuta e acolhimento.
4. Invista na sensibilização e formação das(os) trabalhadoras(es) da organização sobre as temáticas de diversidade e inclusão.
5.
Seja um(a) aliado(a) das pessoas que sofrem racismo e LGBTfobia: as pessoas que não estão dentro desses grupos podem ser aliadas e manifestar seu apoio por meio de atitudes no dia a dia. A seguir, reproduzimos um quadro da Mais Diversidade, maior consultoria de diversidade e inclusão da América Latina, que apresenta algumas situações cotidianas nas quais é possível demonstrar seu respeito e valorização à causa e às pessoas LGBTQIA+.
SEJA HUMILDE, PERGUNTE E BUSQUE UMA REDE DE APOIO QUANDO NÃO
CONSEGUIR LIDAR COM ALGUMA SITUAÇÃO SOZINHO(A).
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