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Por que investir na gestão de pessoas em sua ONG

18 de julho de 2024

Saiba quais são os ganhos e boas práticas para gerir pessoas em sua organização.

Um homem e uma mulher estão sentados à mesa comendo.

Trabalhar por um propósito é bom, mas melhor ainda é quando fazemos isso envolvidos por um grupo de pessoas ao qual estimamos e confiamos. Esse tipo de conexão está no cerne das necessidades humanas mais antigas e são fundamentais para se criar um ambiente de suporte mútuo.


Nas organizações sociais, onde a característica do trabalho tende a ser complexo e muitas vezes exaustivo, o sentir-se parte de um grupo coeso e solidário tende a aumentar a  sensação de satisfação e reduzir o nível de estresse de quem atua por uma causa.


No entanto, estabelecer um grupo de trabalho cooperativo, respeitoso e harmônico não é algo que surge naturalmente. Na maioria das vezes, o papel da liderança perpassa pela mediação, inspiração e incentivo às trocas, aprendizados e divisão de tarefas coletivas.


Para a escritora e psicóloga brasileira Maria do Carmo Nacif de Carvalho: “O relacionamento interpessoal entre o líder e os membros da equipe é um dos fatores mais relevantes na facilitação ou bloqueio de um clima de confiança, respeito e afeto, que possibilite relações de harmonia e cooperação” (CARVALHO, 2009, p. 108).


Priorizar tempo para as equipes


Trabalhando desde 2006 no Terceiro Setor, tenho percebido que apesar da palavra “cooperação” ser algo inerente ao ambiente das ONGs, se não houver priorização de tempo e espaço de conexão e vínculo entre as pessoas da equipe, as relações podem se tornar frágeis e não oferecer a perspectiva de apoio e acolhida necessárias para o fortalecimento dos mesmos, tornando o trabalho ainda mais desafiador.


Alguns aspectos que podem dificultar esse processo e que precisam ser observados com intencionalidade são:


  • Falta de tempo para descompressão: Muitas organizações estão tão focadas nas atividades destinadas aos usuários, que deixam de planejar pausas necessárias como reuniões semanais ou até mensais, para trocas e compartilhamento das percepções quanto ao trabalho que está sendo realizado, assim como expressar suas dificuldades e comemorar suas conquistas. 


  • Conflito de interesses entre a diretoria e a equipe: Infelizmente, é comum que ao defender o posicionamento de diretores ou conselheiros que não estão tão próximos do trabalho na ponta, ou seja, do contato com o usuário e da realidade da comunidade, a liderança realizada por coordenações gerais ou técnicas não se atenham às necessidades de sua equipe.


No podcast “Impacto na Encruzilhada” de Fábio Deboni, traz questionamentos acerca destas relações e  de como elas podem ser prejudiciais para as emoções dos agentes de mudança em seu episódio 142 - “Vamos falar de saúde mental”.


  • Falta de formação em gestão de pessoas: A falta de habilidades específicas em gerenciamento de pessoas e processos, faz com que muitos líderes negligenciam fatores importantes como a cultura do feedback, mediação de conflitos e a condução de planos de desenvolvimento individual e profissional, não possibilitando que divergências de opiniões e posicionamento possam ser alinhadas e transformadas em aspectos fortalecedores do trabalho coletivo.


  • Falta de ajuda especializada: Muitos líderes, por desenvolverem uma gestão mais centralizadora, podem ter dificuldade em pedir ajuda especializada em momentos mais complexos na organização. Seja para oferecer formações sobre assuntos como autoconhecimento e habilidades socioemocionais, como proporcionando treinamento específico sobre algum procedimento.


Defendendo a intencionalidade no investimento nas equipes, a psicóloga e Profª Drª Luciana Fonseca, afirma: “Proporcionar um ambiente favorável com relações sadias traz grandes benefícios para os gestores e, consequentemente, para as organizações. Equipes sólidas são mais fortes não só por compartilharem as vitórias, como também para dividirem os resultados negativos e buscarem as soluções que possam reverter essa situação”.


Dinheiro é necessário, mas o que importa mesmo é a qualidade de nossas relações


Essa foi uma das descobertas do pesquisador americano Robert Waldinger, professor de psiquiatria da Harvard Medical School, e que se aplica, à importância de nossas conexões no Terceiro Setor.


Waldinger é o atual diretor de um estudo que já dura mais de 85 anos, onde, acompanhando pessoas de diferentes classes sociais por várias décadas, descobriu o quanto as relações que construímos pela vida, influenciarão nossas escolhas, humor e principalmente a saúde.


Os principais dados de um estudo estão compilados no livro “A vida boa”, de 2023, e explicado no
TED Talk “Robert Waldinger: O que torna uma vida boa? Lições do mais longo estudo sobre felicidade”.


Alguns dos pontos ressaltadas no livro são que:


  • O nível de satisfação com seus relacionamentos, na idade de 50 anos, foi mais importante para avaliar a saúde física do que níveis de colesterol, por exemplo. E as pessoas mais satisfeitas aos 50 anos eram as mais saudáveis aos 80. 


  • Indivíduos com casamentos felizes, aos 80 anos sentiam menos dores físicas.


  • Aqueles que mantêm relacionamentos mais calorosos, vivem mais e com mais felicidade.



E por que um gestor deveria priorizar a conexão entre as pessoas que trabalham em sua organização?


Quando falamos em desenvolvimento sustentável, também falamos de pessoas. Falamos de como cultivar e desenvolver relacionamentos saudáveis, não só dos colaboradores como dos voluntários e doadores. Relacionamentos que se renovam com o tempo e que potencializam as ações realizadas em conjunto.


Já faz um tempo que, seguindo esse pensamento, há quem questione a utilização do termo RH - de Recursos Humanos - nas organizações, já que estamos falando de pessoas e não de recursos, como os materiais ou financeiros.


Neste processo de fortalecimentos das conexões, outros aspectos fundamentais são desenvolvidos:

  1. Cuidado em Saúde Mental: Uma equipe fortalecida geralmente oferece um maior nível de suporte social. Isso inclui a troca de experiências, apoio emocional e a sensação de pertencimento. Quando os indivíduos se sentem apoiados e valorizados, experimentam menos estresse e ansiedade.

  2. Desenvolvimento de Confiança: A confiança entre os membros da equipe é essencial para um ambiente de trabalho saudável. Quando há confiança, os indivíduos se sentem mais seguros para expressar suas opiniões, assumir riscos calculados e pedir ajuda quando necessário, o que pode reduzir o medo de julgamento e a pressão psicológica.

  3. Melhoria da Comunicação: Em equipes bem fortalecidas, a comunicação é clara, aberta e frequente. A boa comunicação ajuda a resolver conflitos rapidamente, evita mal-entendidos e promove uma atmosfera de confiança e respeito mútuo, o que pode reduzir sentimentos de isolamento e frustração.

  4. Diminuição da rotatividade de colaboradores: Desfrutar de um ambiente psicologicamente seguro e agradável de se trabalhar, aumenta o desejo de permanência das pessoas em uma instituição, o que minimiza os gastos financeiros, de tempo e de energia, despendidos nos processos de recrutamento e seleção e de preparação de novos colaboradores. 


Um olhar para a Pejotização


Desde 2017, a contratação de prestação de serviço por meio da emissão de nota fiscal de Pessoa Jurídica (PJ), trouxe algumas facilidades e vantagens para as organizações, como a redução de custos e encargos trabalhistas, antes gastos com a exclusiva contratação CLT de parte de seus colaboradores, mas também abriu espaço para a fragilidade de algumas relações.


Como o horário dos contratados PJ normalmente não são realizados de forma integral como os CLTs, ou seja, eles prestam serviços durante poucas horas na semana, e não tem a obrigatoriedade de participar de reuniões de planejamento ou de realizar relatórios, muitas vezes o vínculo com a equipe é superficial e até deslocado da rotina habitual da instituição.


A pejotização tem seus aspectos positivos, mas pode ser um agravante para a saúde emocional e mental deste trabalhador que, por falta de segurança financeira precisa se desdobrar em 2, 3 ou mais fontes de renda, não sentindo-se “parte” da maioria delas.


Todos comunicam a Causa da organização (frase de Naty e Phi, da S-Lab)


O cuidado com os relacionamentos e com o desenvolvimento individual e profissional dos trabalhadores das organizações é algo que precisa estar nas pautas das OSCs. E esse tratamento cuidadoso precisa vir de dentro para fora.


Naty e Phi, fundadores da S-Lab, defendem que não é só a equipe de marketing que comunica a causa da instituição, mas todos de alguma forma fazem parte dela: funcionários, PJ, voluntários e usuários.


Quando se relata para amigos, familiares ou até nas redes sociais, as experiências positivas ou negativas que se têm em seu ambiente de trabalho, se está comunicando também a seriedade e a confiabilidade com que a organização é conduzida, ou não.


A implementação de estratégias eficazes para fortalecer equipes é fundamental para maximizar seu potencial. Investir em capacitação, promover uma cultura de comunicação aberta e transparente, e incentivar a participação ativa de todos os membros são práticas que podem transformar a dinâmica interna. 


A adoção dessas estratégias não só melhora a coesão e a produtividade das equipes, mas também contribui para o bem-estar e a saúde mental dos colaboradores, elementos essenciais para a sustentabilidade a longo prazo das organizações sociais.


Se você quer conhecer mais sobre a importância desse tema, conheça outros materiais publicados no Portal do Impacto:


https://www.portaldoimpacto.com/podcast-18-jean-lucy-a-importancia-de-cada-vez-mais-humanizarmos-as-equipes


https://www.portaldoimpacto.com/boas-praticas-para-engajamento-e-gestao-da-equipe-a-distancia


https://www.portaldoimpacto.com/como-formar-desenvolver-e-apoiar-a-equipe-dos-projetos-sociais-de-educacao



Referências


CARVALHO, Maria do Carmo Nacif de. Relacionamento Interpessoal: como preservar o sujeito coletivo. Rio de Janeiro: LTC, 2009.


FONSECA, Luciana. Relacionamento interpessoal e trabalho em equipe: Impactos num ambiente organizacional. [artigo] XII Congresso Nacional de Excelência em Gestão e III Inovarse - Responsabilidade Social aplicada, 2016. Disponível em:
https://cmapspublic3.ihmc.us/rid=1ZRB5DK53-B2DLR9-VHH/Text%20Relacionamentos.pdf


WALDINGER, Robert. Uma vida boa. Rio de Janeiro: Editora Sextante, 2023.


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Primeiro passo: identificar e reconhecer os diferentes tipos de traumas Para começarmos a nos informar sobre os traumas nas causas que atuamos é importante identificar os diferentes tipos de traumas e a forma como se interrelacionam, de acordo com o artigo Healing Systems da Stanford Social Innovation Review: Trauma individual se refere a uma ferida invisível causada por um evento avassalador, série de eventos ou condições duradouras. Trauma intergeracional ocorre quando um ou mais ancestrais passam adiante traumas não curados que vivenciaram antes de terem filhos ou durante a gravidez. Trauma coletivo descreve o impacto em nível populacional de um evento ou processo catastrófico que interrompe as estruturas que uma comunidade ou sociedade criou para sustentar seu modo de vida. Trauma histórico pode ser coletivo e intergeracional por natureza, mas se refere especificamente a danos intencionais e opressão cometidos contra um grupo de pessoas por causa de características como raça, religião ou identidade nacional, social ou sexual, e visa subjugá-los para ganho. Trauma sistêmico inclui os impactos não abordados de traumas individuais, intergeracionais, coletivos e históricos, bem como traumas recentes criados por estruturas sistêmicas e dinâmicas relacionais prejudiciais dos dias atuais. Segundo passo: compreender os padrões individuais e coletivos de reação aos traumas Os traumas que carregamos influenciam a maneira como interpretamos e respondemos ao mundo, tanto nos desafios diários quanto nas próprias soluções que desenhamos. 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Referências: https://www.intergenerational-trauma.com/ https://ssir.org/articles/entry/healing-trauma-systems CYCLES OF TRAUMA AND THE JOURNEY TO WELLBEING: A Framework For Trauma Informed Practices & Positive Social Change. Executive Summary & Part I: Why Does Trauma Matter for Wellbeing and Social Change?
Por Instituto Phomenta 28 de janeiro de 2025
Em 2025, as mudanças climáticas pautarão ainda mais o Terceiro Setor. Seus impactos afetam diretamente comunidades vulneráveis, economias locais e projetos sociais. Durante o webinar Futuro em Foco: Tendências de 2025 para o Terceiro Setor, integrantes da Phomenta destacaram como as ONGs podem atuar para contribuir no enfrentamento à crise global enquanto promovem sua própria sustentabilidade. Como as mudanças climáticas afetam as comunidades vulneráveis De acordo com o estudo realizado pelo braço de pesquisa da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp), entre 2020 e 2023, registramos uma média anual de 4.077 desastres relacionados ao clima no Brasil, quase o dobro em comparação às duas décadas anteriores. Enchentes como as registradas no Rio Grande do Sul em 2024 ou secas prolongadas em regiões do Nordeste brasileiro evidenciam o desequilíbrio ambiental que afeta principalmente populações mais pobres. O conceito de justiça climática é central nesse debate. Ele propõe que os custos das mudanças climáticas e as ações de adaptação sejam distribuídos de forma justa, priorizando quem mais sofre com os impactos. Porém, segundo a pesquisa Justiça Climática no Brasil , da PwC e o Instituto Locomotiva, apenas 32% dos brasileiros estão familiarizados com o termo, embora 75% reconheçam sua importância quando explicados. Isso reforça o papel das ONGs na educação e mobilização da sociedade, uma das oportunidades para o Terceiro Setor em 2025. Por que ONGs devem priorizar as mudanças climáticas em 2025 As mudanças climáticas influenciam diretamente os planos de atuação e captação de recursos das ONGs. O aumento de desastres naturais não apenas amplia a demanda por ações emergenciais, mas também exige que as organizações adaptem suas práticas e desenvolvam soluções sustentáveis. Leia mais: https://www.portaldoimpacto.com/7-ongs-e-movimentos-que-pautam-justica-climatica-para-conhecer Essa preparação inclui repensar projetos e direcioná-los para as populações mais vulneráveis. Por exemplo, uma ONG que trabalha com segurança alimentar pode incorporar ações para apoiar agricultores familiares afetados por secas ou enchentes. Já organizações que atuam com habitação popular podem focar em soluções de moradia resiliente para eventos climáticos extremos. Tendências e oportunidades para as ONGs em 2025 Captação de recursos alinhada à sustentabilidade: Com o aumento do interesse corporativo em práticas ESG (Governança Ambiental, Social e Corporativa), muitas empresas estão buscando apoiar projetos sustentáveis. ONGs que apresentarem propostas bem estruturadas e transparentes têm grandes chances de atrair financiamento. Educação e conscientização ambiental: A falta de conhecimento sobre os impactos das mudanças climáticas é uma barreira, mas também uma oportunidade. Campanhas educativas podem sensibilizar mais pessoas sobre a importância de ações climáticas e engajar novos apoiadores. Participação na COP30: A Conferência do Clima, que será realizada em Belém do Pará, será uma vitrine global para destacar soluções climáticas locais e reforçar o papel do Brasil na agenda ambiental. ONGs podem aproveitar o evento para ganhar visibilidade, ter novas ideias e estabelecer parcerias. Uso de ferramentas tecnológicas: Plataformas como o Radar de Editais ( https://www.portaldoimpacto.com/radar-de-editais ) ajudam ONGs a encontrar oportunidades de financiamento para projetos relacionados à sustentabilidade. Além disso, tecnologias como sistemas de monitoramento climático podem ser incorporadas em ações locais. As mudanças climáticas representam um desafio sem precedentes, mas também uma oportunidade para as ONGs liderarem ações inovadoras. Com estratégias, parcerias e educação ambiental, é possível não apenas mitigar os efeitos das crises climáticas, mas também promover justiça social e ambiental. Confira o Webinar na íntegra para saber mais sobre o assunto
Por Instituto Phomenta 21 de janeiro de 2025
O que o futuro reserva para o financeiro das ONGs? Sabemos que essa é uma pergunta que afeta integrantes do Terceiro Setor em todo início de ano, e foi um dos temas que norteou o webinar Futuro em Foco: Tendências de 2025 para o Terceiro Setor , promovido pela Phomenta em dezembro de 2024. Durante o evento, profissionais da Phomenta trouxeram dados sobre o cenário que se espera para as organizações no próximo ano, além de comentar caminhos para enfrentar a competição por recursos e fortalecer a sustentabilidade das organizações. Um cenário de ajustes e adaptações Os números apresentados no webinar destacaram o aumento do interesse em práticas ESG (Governança Ambiental, Social e Corporativa) entre empresas, mas também revelaram um dado preocupante: 62% dos investidores sociais preveem reduzir seus aportes em 2025, de acordo com o Relatório BISC 2024. Isso evidencia um cenário desafiador para as ONGs, que precisarão diversificar fontes de financiamento e buscar novas formas de engajamento com doadores. Paralelamente, o uso de leis de incentivo foi apontado como uma alternativa cada vez mais relevante. As ONGs que conseguem estruturar projetos consistentes e alinhados aos requisitos legais têm atraído investidores interessados nos benefícios fiscais. Confira o Webinar na íntegra:
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A Inteligência Artificial (IA) tem impactado profundamente diferentes áreas da sociedade, e sua aplicação no campo social não é exceção. Para as ONGs, essa tecnologia pode oferecer oportunidades de otimizar processos, ampliar alcance e gerar maior impacto em suas causas, mas também apresenta desafios que precisam ser abordados com ética e responsabilidade. O que é a Inteligência Artificial e como ela pode ajudar as ONGs? A IA é um ramo da tecnologia que simula capacidades humanas como aprendizado, tomada de decisão e reconhecimento de padrões. No contexto das ONGs, isso significa ferramentas que podem automatizar tarefas, analisar grandes volumes de dados e melhorar a eficiência operacional. Além disso, sistemas de IA podem ser adaptados para atender pessoas com deficiências, ampliando o alcance das organizações e tornando suas ações mais inclusivas. Leia mais: https://www.portaldoimpacto.com/inteligencia-artificial-e-seu-potencial-para-as-ongs-parte-1-4 E na prática? Algumas ONGs já fazem uso destas ferramentas através de: Chatbots: Os chatbots são programas de computador que simulam uma conversa humana, oferecendo respostas automáticas e personalizadas. Eles podem ser usados para facilitar a comunicação, como no atendimento a dúvidas frequentes de beneficiários ou doadores, reduzindo custos e otimizando o tempo da equipe. Análise de dados: A Inteligência Artificial pode identificar padrões em campanhas de doação, prever demandas futuras e melhorar a alocação de recursos. Campanhas personalizadas: ONGs podem usar IA para segmentar públicos e criar mensagens mais efetivas, aumentando o engajamento com a causa. Em 2025, espera-se que essas inteligências sejam ainda mais utilizadas. O assunto foi discutido no Webinar Futuro em Foco, da Phomenta, que buscava apresentar as principais tendências para Terceiro Setor. Confira abaixo:
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