Sua organização está pronta para conseguir o voluntário dos sonhos?
De acordo com a Abong, mais de 70% das OSCs brasileiras atuam quase integralmente com trabalho voluntário. Só com essa informação, dá para imaginar a importância que esse tema tem no terceiro setor.
O tema do voluntariado dentro do terceiro setor é bastante comum, e pode ser até polêmico. Tem organização que usa voluntário para praticamente tudo; tem outras que tentam, mas que tem resultados bem variados; e ainda tem aquelas que desejam ter um programa de voluntariado, mas não sabem bem como começar.
Para quem ainda não está familiarizado, o trabalho voluntário está expresso em lei e tem especificidades que devem ser respeitadas. Você pode conferir a
Lei nº 9.608/1998 na íntegra no site do Planalto, mas por enquanto queremos destacar os seguintes pontos:
- O serviço voluntário não é remunerado. Ou seja, não pode haver uma troca pelas horas trabalhadas. Dar presentes ou oferecer indicações como forma de agradecimento não tem problema nenhum, e são práticas até bem recomendadas. O problema existe quando acontece uma troca direta, do tipo: “se você pintar essa parede para a organização, a gente vai te dar um vale-presente” ou “durante o tempo que você for voluntário, só vamos contratar você para outros serviços”. Pode parecer a mesma coisa, mas essas situações configuram trocas, e a pessoa está fazendo o “voluntariado” apenas para receber aquela gratificação no final. Esse é o tipo de caso com o qual você deve ter cuidado.
- O serviço voluntário não gera vínculo empregatício se você tiver um acordo assinado que comprove isso. Infelizmente, ainda há empresas que se aproveitam dos seus funcionários e não cumprem todas as leis trabalhistas e previdenciárias. Por isso, para comprovar que a pessoa é realmente voluntária, você precisa fazer a assinatura do termo de voluntariado com essa pessoa. Caso contrário, ela pode até te colocar na justiça dizendo que era funcionária e não recebia. Queremos sempre acreditar e incentivar o bem nas pessoas, mas isso não significa que você não deva se preparar para todas as possibilidades. Nesse texto, indicamos alguns materiais bem interessantes, entre os quais estão os cadernos de Orientação Jurídica criado pela Abong, que orientarão você e a sua ONG quanto ao termo de voluntariado e outras providências.
Sem considerar esses dois pontos que falamos acima, a sua organização fica desprotegida juridicamente, o que pode causar problemas sérios no futuro. Para receber voluntários de forma segura e responsável, é preciso começar verificando se esses processos iniciais estão bem resolvidos e implementados.
Agora que essas questões prévias (e extremamente importantes) foram tratadas, vamos te contar o que você precisa para encontrar o voluntário dos seus sonhos.
1 - Qual é o seu sonho?
Antes mesmo de começar a procurar ou aceitar voluntários, sua organização precisa ter muito bem definido o que esses voluntários vão fazer.
O melhor voluntário é aquele que supre as suas necessidades. Aceitar um voluntário sem saber o que ele vai fazer dá mais trabalho do que gera resultados. Por isso, conheça as suas necessidades. Comece falando com seus colaboradores e definindo quais serão as atividades a serem realizadas pelos voluntários.
2 - Quem vai supervisionar esse voluntário?
Pode ser que você queira alguém que só chegue na sua organização e já vá fazendo tudo por conta própria, sem seus colaboradores precisarem se preocupar. A realidade é que isso é raro e até não recomendado: todo voluntário precisa ter alguém que seja responsável por ele. Não quer dizer que o supervisor vai ficar olhando cada passo que o voluntário dá, mas é importante que exista alguém dentro da organização que possa tirar dúvidas, ensinar quando necessário, verificar se o trabalho foi feito como esperado e também criar um ambiente agradável para que o voluntário queira voltar. Compreenda e ajude os seus colaboradores a entender que o voluntário vem para ajudar e agregar, mas que essa parceria vai demandar tempo e atenção (principalmente no começo) para dar certo.
3 - Qual o resultado esperado?
Além disso, você tem que saber qual é o resultado que a organização espera desse voluntário. O que você quer ver concluído ou acontecendo que vai te fazer pensar “perfeito, era isso mesmo”? A resposta a essa pergunta é o seu resultado esperado! E é isso que você tem que comunicar claramente ao voluntário.
Infelizmente, é muito comum que as organizações acabem não recebendo o que queriam do voluntário e deixem por isso mesmo. Isso normalmente acontece porque a explicação de onde querem chegar não foi feita de forma clara. Mas também
ouvimos muito que elas sentem que o voluntário está fazendo um favor, e por isso têm que aceitar qualquer trabalho que for realizado. A verdade é que os voluntários querem ajudar e nem sempre sabem como. Se eles souberem que o que estão fazendo não está gerando o resultado esperado, eles vão tentar mudar para melhorar. Ninguém quer fazer um trabalho que depois não vai ser usado, ou que até vai acabar atrapalhando. Então, saiba bem qual o resultado que a organização quer alcançar com o trabalho daquele voluntário e dê o feedback e o suporte necessários para ajudá-lo a chegar lá.
Pode ser que você agora esteja pensando que ter voluntários dá muito trabalho, e até se perguntando se vale mesmo a pena. O que podemos te dizer é que ter voluntários na sua organização não é só jogar a pessoa lá dentro e esperar que tudo dê certo. Ao contrário, é mais parecido com contratar um colaborador. Sim, vai demandar atenção, energia e tempo. Mas quanto mais bem preparada a organização estiver e mais suporte oferecer ao voluntário, melhores serão resultados, que poderão multiplicar-se exponencialmente.
E, para que sua organização esteja bem preparada, que tal começar fazendo uma Jornada do Usuário para os voluntários? Tem um texto bem completinho aqui no Portal que vai te ajudar a entender e melhorar a experiência do voluntário na sua organização.
E aí, sua organização está pronta para conseguir o voluntário dos sonhos?
Este conteúdo foi produzido por
Luiza Campos, colaboradora do time Phomenta.
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