Daiany França Saldanha é responsável pelo editorial do Portal do Impacto.
Este conteúdo foi produzido por Daiany França Saldanha
Você já ouviu falar que pessoas se conectam mais com a causa do que com a sua ONG especificamente?
E se você estiver comunicando a sua causa de maneira equivocada?
Bem, isso é mais comum do que você imagina. Vou te explicar melhor ao longo do texto. Vem comigo!
Na minha compreensão, a
causa social é a razão de existir de uma ONG: é um compromisso da organização, relacionado ao problema social que ela quer combater.
Como exemplo, no caso da organização que fundei, a sua causa social é a
“promoção de igualdade para as mulheres”.
Mas, antes de descrever a nossa causa social dessa forma, costumávamos chamá-la de outra maneira: nos limitávamos ora à nossa área de atuação ou interesse, ora ao público-alvo dos nossos projetos.
Foi necessário que uma pessoa externa nos provocasse em relação a isso. Ela nos falou algo mais ou menos assim: “aqui, vocês estão dizendo que a causa social da ONG é ‘mulheres’ mas, pelo que pude observar, isso está incompleto. Vocês não deveriam resumir a causa social da organização ao público que ela atende”.
“Como assim?”, perguntamos.
A resposta veio depois de algumas conversas. Usamos algumas ferramentas para guiar nossas discussões – uma delas foi a
Árvore de Problemas, utilizada para identificar qual(is) problema(s) social(is) estávamos (e estamos) combatendo, até que chegamos a um problema central: desigualdade de gênero. Depois, construímos alguns objetivos, tais como: i) empoderar as mulheres com informação; ii) ensinar as mulheres sobre seus direitos; e iii) realizar campanhas de combate às violências de gênero. A partir disso, concordamos que a nossa causa social, na verdade, é a promoção da igualdade para as mulheres. Também a partir dali consentimos que a escolha dos projetos da organização dependeria das respostas à seguinte pergunta: “esse projeto contribui para qual objetivo geral da ONG?” – em outras palavras “qual problema importante esse projeto busca resolver?”.
Até chegarmos a esse resultado, fizemos mais de três reuniões. Algumas coisas que inicialmente pareciam óbvias acabaram sendo grandes pontos de dúvidas entre as líderes.
Por exemplo: “se nossa causa social é a ‘promoção de igualdade para as mulheres’, isso quer dizer que não poderemos mais realizar projetos para crianças?”. A resposta que construímos foi: “sim, continuaremos a implementar esses projetos, porque as crianças constituem um público-alvo importante quando falamos em promover igualdade para as mulheres. No futuro, essas crianças serão pessoas adultas e, uma vez que compreendam e construam um mundo sem discriminação de gênero, teremos cumprido parte da nossa visão – alcançar um mundo mais justo e equânime”.
Mas, antes de problematizarmos tudo isso, falávamos que a nossa causa era simplesmente “mulheres”, ou, em muitas situações, o próprio esporte – a “plataforma” que escolhemos para desenvolver a nossa causa social. Só que contávamos apenas metade da história, e a parte ruim disso é que deixávamos de engajar pessoas que poderiam ter interesse em ser nossas aliadas, em realizar parcerias ou em fazer doações para a nossa organização.
Após as reflexões, ampliamos a comunicação. Em vez de divulgar somente nossos projetos ou atividades, passamos a comunicar também assuntos relacionados à causa e conteúdos sobre como a nossa ONG exerce papel fundamental na promoção da justiça social para as mulheres. Antes, conversávamos apenas com quem se interessava por esporte ou com quem concordava que é preciso construir mais igualdade de gênero no esporte. Agora, conversamos também com quem quer uma vida melhor para as meninas e mulheres, para além da prática esportiva. A justiça para as mulheres passa por garantir espaços seguros e inclusivos para elas praticarem atividades físicas e esportivas, mas não acaba aí.
Nossa comunicação ficou muito mais potente, e a nossa causa social, muito mais completa e alinhada à missão, aos valores e à visão da ONG (que foram revisadas nesse processo de amadurecimento).
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Daiany França Saldanha é responsável pelo editorial do Portal do Impacto.
Revisão: Flávia D'Angelo (Phomenta).
Fontes:
¹Metaverso: o que é esse novo mundo virtual?
²Why Nonprofits Need to Be Early Explorers of the Metaverse
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